Lições que apagaram as luzes
É preciso dizer claramente que as
parábolas foram destinadas a apagar as luzes de algumas pessoas. Estas
histórias desconcertavam e incomodavam aquelas almas desonestas que estavam
ansiosas por abusar de qualquer pequena verdade que parecesse filtrar até elas
(Mateus 13:10-15; Marcos 4:11-12; Lucas 8:10). E não podemos pensar nelas como
se fossem iletrados religiosos que eram moralmente depravados. Em seu número
estavam as pessoas mais religiosas e aparentemente mais piedosas daquele tempo.
Mas tinham projetos que diferiam do de Deus.
O mesmo ponto é convenientemente demonstrado por uma ocorrência durante o mesmo inverno: a cura pelo Senhor de um mendigo cego em Jerusalém, junto ao poço de Siloé (João 9). No começo, os críticos de Jesus buscaram febrilmente desacreditar esta cura notável (o homem tinha sido cego de nascença) como sendo uma artimanha. Mas, totalmente impedidos pelo testemunho dos pais do próprio homem, foram reduzidos a argumentar insensatamente que o que todos na cidade sabiam que tinha acontecido, não tinha acontecido realmente porque tinha sido feito no dia errado (no sábado) pelo homem errado (Jesus). Baseados em nada além de obstinação cega e inflexível, eles negavam o inegável. Jesus mais tarde teve de dizer-lhes: "Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos" (9:39). Seus críticos judeus, não tão obtusos que nada lhes penetrasse, finalmente pegaram o significado. "Acaso também nós somos cegos?" perguntaram. Ao que o Senhor replicou, "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado" (9:40-41).
Como já temos observado, as parábolas de Jesus nunca apelavam muito para as pessoas que já se achavam sábias. Elas serviam simplesmente para apagar as pequenas luzes que tais pessoas tinham. Mas isso estava bem, porque o Senhor não o estava chamando, de qualquer modo, e o tempo havia chegado pelo terceiro ano do seu ministério público para afastar os eternos críticos, os curiosos, os freqüentadores habituais descuidados que não tinham real interesse no reino de Deus. Era chegada a hora quando os verdadeiros discípulos tinham que ser reunidos em volta dele e preparados para o inimaginável horror que viria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário