Não É O Que As Outras Pessoas Nos Fazem
Que Nos Prejudica:
É A Nossa Própria Reação
Os tesouros que nos custam mais caros são os que mais nos enriquecem. As
maiores bênçãos do mundo foram frutos de seus maiores sofrimentos. O poeta,
Goethe, disse o seguinte: “Eu nunca tive uma aflição que não se transformasse
em um poema.”
As melhores qualidades do caráter cristão são fruto do sofrimento.
Muitos cristãos que antes de passar por uma determinada provação, eram frios,
materialistas e carnais, no final da mesma já tinham um espírito quebrantado,
amadurecido e enriquecido.
As aflições usadas por Deus quebrantam a aspereza e a rispidez da vida.
Elas consomem a impureza do egoísmo e do mundanismo. Humilham o orgulho.
Temperam as ambições humanas. Sufocam o fogo das paixões.
Mostram-nos o mal do nosso próprio coração, revelando nossas fraquezas,
faltas, e defeitos, e nos tornam conscientes do perigo espiritual. Disciplinam
o espírito teimoso.
Em nenhuma outra escola é possível aprender as lições de paciência e
tolerância, exceto na escola do sofrimento.
Um dos métodos que Deus usa para aperfeiçoar o caráter cristão é
permitir que soframos injustamente. A maioria de nós acha que sofrer já é
suficiente e que sofrer injustamente é, certamente, demais.
Mas Pedro, falando sobre sofrer injustamente diz: “...Se, entretanto,
quando praticais o bem sois igualmente afligidos e o suportais com paciência,
isto é aceitável a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados” (I Pedro
2:20-21).
Chamado Para Sofrer
Injustamente
Sofrer injustamente é um instrumento muito afiado para usar na lapidação
da alma humana, mas você sabe, quando o torneador tem um trabalho muito fino
para fazer, ele usa uma ferramenta bem afiada.
Quando Deus quer esculpir um desenho muito bonito em um cristão, Ele usa
o instrumento afiado do sofrimento injusto. É difícil receber ofensa dos outros
e sempre retribuir com bondade, mas Deus não nos larga enquanto não tenha
trabalhado esta obra artística profundamente na própria essência de nossas
almas.
Nós não podemos evitar de sofrer nas mãos de outras pessoas. É certo que
isto nos acontecerá. Mas em última análise, ninguém pode nos prejudicar a não
ser nós mesmos.
Todos os erros que os homens nos infligem não podem nos prejudicar a
menos que nos levem a ficar ressentidos e indispostos a perdoar. Algo só pode
nos prejudicar se dermos lugar à amargura e à ira.
Entregue Sua “Ferida”
Para Deus
Mas talvez você diga: “Como posso evitar de ficar amargurado? Como posso
evitar de ficar ferido?”
Há uma história sobre uma criança indígena que foi até um velho chefe
com um pássaro machucado na sua mão. O índio olhou para o pássaro e disse:
“Leve-o de volta e coloque-o no lugar onde você o encontrou. Se você ficar com
ele, ele morrerá. Se você o colocar de volta nas mãos de Deus, Ele o curará e o
pássaro viverá.”
Aqui está uma lição de como devemos agir quando somos magoados pelo
sofrimento. Nenhuma mão humana pode curar um coração ferido. Tem de ser
entregue a Deus (Lc 4:18; Mt 11:18-30).
Mas talvez você tenha tentado esquecer-se da sua mágoa e não tenha
conseguido. Você tem resistido à tentação de ficar amargurado e se sente
incapaz. Você quer amar mas o seu coração não consegue reagir por causa da dor
e você sente que não está sendo vitorioso.
O Amor É Um Princípio
O Amor Pode Ser
Rigoroso
Aqui precisamos tomar a posição de fé. Muitas pessoas confundem o amor
com sentimento ou emoção. O amor é mais do que uma emoção. O amor é um
princípio. Se você realmente deseja o melhor para alguém que o prejudicou, isto
é amor, mesmo quando todas as emoções parecem estar dormentes.
O amor é mais do que sentimentos fracos. O amor pode ser rigoroso. O
amor não age em interesse próprio, mas sempre busca o melhor para a pessoa
amada.
O amor não age baseado em emoção mas em princípios. Emoções são
instáveis. A questão não é que tipo de sentimentos você tem, mas o que você faz
com eles. O homem autêntico é avaliado pela sua vontade e não pela sua emoção.
Muitas vezes o meu coração deseja expressar afeto por um dos meus filhos
quando sei que, para o seu próprio bem, tenho que castigá-lo. Neste caso, vou
agir sobre um princípio e não na minha emoção.
“Considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo
Jesus” (Rm 6:11).
Você É Tentado A Ser Amargurado?
A amargura não será sua enquanto você se recusar a aceitá-la e enquanto
você agir no interesse daquele que lhe prejudicou. Se você está em Cristo e
Cristo em você, o Seu amor pelas pessoas que não são amáveis é seu mesmo quando
não sente qualquer tipo de afeição por elas.
Neste ponto é onde precisamos "considerar". Paulo diz que
depois que morremos com Cristo a nossa morte se torna real na nossa vida quando
consideramos, isto é, quando tomamos uma posição de fé e passamos a considerar
realizado algo que não sentimos que está realizado (Rm 6:1-14).
“Todas as coisas são vossas...e vós de Cristo, e Cristo de Deus” (I Co
3:21-23).
Se você sente amargura em seu coração, recuse-se a aceitá-la como sua e
considere o amor de Cristo como seu. Este lhe pertence se Cristo está em você.
Aceite a injúria como algo que veio de Deus com o propósito de ser uma bênção
para você. Veja Deus por trás da pessoa que lhe prejudicou.
Considere que o amor de Cristo está em você e quando tomar esta atitude
de fé, isto se tornará realidade. Abra mão da mágoa e coloque seu coração
quebrado nas mãos de Deus.
Despojando-se de Si
Mesmo
e Revestindo-se com
Cristo
Se você não sente um espírito de perdão em seu coração, tome uma posição
de fé e diga para Deus: “Como o Teu amor perdoador é meu, eu perdoo a todos por
tudo.”
À media que permanecer firme nesta atitude de fé, recusando-se a ceder
para a amargura ou ressentimento, Deus operará o espírito de perdão na sua vida
e você será liberto até mesmo da tentação da amargura.
Em última análise, ninguém pode realmente nos magoar a não ser nós
mesmos. Outros podem nos tratar injustamente. Podem nos acusar falsamente e
dessa forma prejudicar a nossa reputação.
Podem até nos ferir fisicamente mas nenhuma dessas coisas poderá nos
prejudicar realmente a menos que permitamos que elas nos incitem à amargura e
ao ressentimento e inclusive à tentativa de vingança.
Não é o que os outros nos fazem que nos prejudica, é a nossa reação; não
é nem mesmo o nosso sentimento em relação a elas, é o que fazemos com estes
sentimentos. Se os nossos sentimentos acabarem por se transformar em
ressentimento ou resultam em tentativas de revidar, então, sim, ficamos
prejudicados.
Se entregarmos a nossa mágoa a Deus, nos recusarmos a nutrir o
ressentimento e tomarmos uma atitude positiva de desejar o melhor que Deus tem
para aqueles que nos prejudicaram e a orar por isso, e se permanecermos nessa
posição até que toda a amargura e ressentimento sejam absorvidos por um
espírito de perdão, então teremos realmente lucrado desta tentativa de nos
ofender. Veja Mateus 5:43-48.
“Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28).
Fé no Governo Moral
de Deus
Uma das razões para o ressentimento e falta de perdão é que nós, na
verdade, não temos fé na justiça e no governo moral de Deus. Em Romanos Deus
diz: “A mim me pertence a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12:19).
Se realmente acreditássemos nisto
não tentaríamos consertar as injustiças por nós mesmos. Foi por causa da
confiança total que Jesus tinha no amor e na absoluta justiça de Seu Pai que
“quando ultrajado, não revidava com ultraje, quando maltratado não fazia
ameaças, mas entregava-se àquele que julga corretamente” (I Pe 2:23).
Quando Deus diz que não devemos nos vingar a nós mesmos, Ele quer dizer
que é Ele que fará a vingança. E a pedra angular do governo moral de Deus é Sua
justiça absoluta. A lei moral é inexorável como o é qualquer lei física.
“Aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7), é tão impossível
quebrar quanto o seria quebrar a lei da gravidade.
O homem que pratica a maldade ou que faz injustiça é quem perde, e não
aquele que ele prejudicou - se este permanecer inalterado, sem nenhum espírito
de antagonismo ou vingança em seu coração.
Se realmente tivermos certeza da justiça de Deus, não seremos tentados a
fazer as coisas por nossas próprias mãos. Ao invés disso, oraremos pela pessoa
desafortunada que nos prejudicou.
E se continuarmos amáveis e perdoarmos, descobriremos que ficamos mais
fortes através da nossa vitória sobre o ressentimento. E quando os nossos dias
de treinamento acabarem, poderemos ver com nossos próprios olhos o quanto essas
batalhas significaram para nós. “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de
Deus em Cristo Jesus para convosco” (I Ts 5:18).
Aqui e somente aqui
Te é dado sofrer por amor a Deus;
Em outros mundos nós O serviremos mais perfeitamente,
O amaremos, O louvaremos e
trabalharemos para Ele,
Ficaremos cada vez mais perto Dele
com todo o prazer.
Mas então, não seremos mais convidados
Para sofrer, que é a nossa tarefa aqui.
Não podes tu sofrer, então,
uma hora ou duas?
Se Ele te chamar
da tua cruz hoje
Dizendo: Está consumado,
Aquela tua dura cruz,
Sobre a qual tu oraste por libertação,
Tu não achas que um sentimento de remorso
Tomaria conta de ti?
Tu não dirias: “Assim, tão de repente?
Deixa-me voltar e sofrer mais um pouco,
Mais pacientemente:
Eu ainda não louvei a Deus.”
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