quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O AVIVAMENTO E O PREGADOR


O AVIVAMENTO NA VIDA DO PREGADOR


Texto: Mateus 3.1-8,11

1.     Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia:
2.     Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus.
3.     Porque este é o referido por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endiretai as sua veredas.
4.     Usava João vestes de pêlos de camelo e um cinto de couro; a sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre.
5.     Então, saíram a ter com elel Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão;
6.     e eram por ele batizado no rio Jordão, confessando os seus pecados.
7.     Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de viboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?
8.     Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;
11. Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.

INTRODUÇÃO

 
Ao encerrar o ministério profético de Malaquias, teve início o grande silêncio profético que durou 400 anos, período no qual Deus não falou por boca de nenhum  profeta, porém, como estava previsto pelo profeta Isaías em (Is 40.3), este referido período de silêncio foi rompido pela Voz do que clama no deserto. Assim relata o texto sagrado: “Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia:”, Mt 3.1. E como precursor de Cristo; o principal propósito da sua pregação, era preparar os corações dos homens, para receberem o Messias de Israel e consequentemente, o Reino dos céus, Mt 3.2. Missão executada com sucesso, por ter sido cheio do Espírito Santo desde o ventre da sua mãe, Lc 1.15, e não somente por isso, mas também porque sabiamente conservou a plenitude do Espírito Santo durante toda a sua vida, cf. Lc 1.80. Portanto, o ministério de João, o batista, é um expressivo exemplo para todos o pregadores dos dias atuais

I.                  O MINISTÉRIO DE JOÃO, O BATISTA

1.      O Aparecimento de João
O texto em apreço, inicia falando do aparecimento de João Batista: “Naqueles dias, apareceu...3.1. Porém o seu aparecimento não foi fruto do acaso, pois João, o discípulo amada, ao referir-se sobre o seu aparecimento, como o precursor de Cristo, disse: “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João.Jo 1.6. O ministério de João, o Batista pode ser considerado um dos mais curtos da Bíblia, sua duração não chegou atingir um ano sequer; mas a respeito deste retumbante pregador, Jesus afirmou: “...entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista...Mt 11.11. Embora curto, o seu ministério foi grande em resultados, devido o poder do Espírito Santo em sua vida, suas próprias virtudes, a maneira como pregava sobre o Messias, e também a coragem com que denunciava o pecado. O pregador não deve se preocupar tão somente com a extensão de seu ministério, mas durante o seu exercício, a sua preocupação deve ser com a qualidade e os resultados do mesmo; e portanto, deve estar consciente da necessidade do avivamento em sua vida.
O profeta João Batista e sua virtudes ministeriais:
a.       Sua humildade, Jo 1.20; Lc 3.15,16;
b.      Sua vida de justiça e santidade, Mc 6.20;
c.       Sua atitude com respeito à Cristo, Jo 3.30;
d.      Sua coragem em denunciar o pecado, Mc 6.17-19;
e.       Sua energia ao pregar, Mt 5.7-10;
f.       Sua firmeza ao ensinar, Lc 3.10-14;
g.      Sue ministério avivado, Mt 3.5; Mc 1.5; Jo 5.35.

1.1.  A pregação do João Batista e seu local
...pregando no deserto da Judéia”, Mt 3.1b
João Batista era um homem diferente, Mt 3.4, trajes diferentes, estilo diferente, e atitudes diferentes. Enquanto os demais líderes religiosos apareciam ministrando onde estavam as multidões, isto é, nos grandes centros, ele apareceu pregando no deserto da Judéia, e as multidões de todas as partes, é que eram atraídas para ouvi-lo no deserto. Só há uma razão obvia, que justifica a aglmeração de pessoas de todas as classes sociais, de Jerusalém, de toda a Judéia, como também de toda a província adjacente ao Jordão; o poder de Deus na vida de João Batista. Da mesma forma, é necessário um autêntico avivamento na vida do pregador, para que possa atrair as pessoas, que embora cercadas por milhares de outras, estão isoladas pela solidão interior, e oprimidas pelo causticante deserto espiritual. Para que ao ouvi-lo, sejam levadas ao arrependimento, a fim de que recebam o perdão dos seus pecados, e experimentem os tempos do refrigério pela presença do Senhor, como aconteceu aos judeus após o avivamento do dia de Pentecostes, At 3.19.

1.2.  O modo de vida
Usava João vestes de pêlos de camelo e um cinto de couro; a sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre.Mt 3.4

O modo de vida de João Batista era simples, trava-se como homem do campo; a sua alimentação, segundo os historiadores era a alimentação comum das pessoas mais pobres. Apesar da simplicidade do seu modo de vida, o avivamento na vida deste honrado pregador, faiza com Qua as multidões se dirigissem ao deserto para ouvi-lo.
Aprendemos com João Batista, que o pregador que vive a plenitude do Espírito Santo, deve ter sempre o cuidado de evitar o luxo, a pompa, a vanglória, etc., para que os exageros não fale mais alto do que a sua pregação, e por fim acabe ocupando o lugar da autoridade espiritual. É preferível não ter prata nem ouro como Pedro e João, At 3.6, do que tê-las, e no entanto, não reunir as condições necessárias para representar dignamente aquele que é o legítimo dono do ouro e da prata, Ag 2.8.

1.3.  A ocasião propícia
O profeta João Batista iniciou o seu ministério no momento certo; verdadeiramente, o obreiro avivado que procura andar de acordo com a direção de Deus, nunca engendrará uma situação para se projetar no ministério precipitadamente, ele não forçará a porta, cuja chave está nas mãos do Filho de Davi, Ap 3.7. Assim, como o sistema solar, milênios após milênios, revela a majestosa sabedoria divina, fazendo a rotação predeterminada pelo criador, é necessário que os obreiros entrem em cena de acordo com a determinação do Espírito Santo de Deus. Imagine o desastre ecológico que aconteceria, se a terra alterasse a sua rotação em alguns segundos, da mesma forma, podemos imaginar o desastre espiritual que ocorre quando um obreiro age precepitadamente, ou deixa de agir no tempo certo.
Moisés antecipou o tempo de Deus, teve que fugir, Êx 2.14,15; Jonas adiou o tempo de Deus, sofreu com a tempestade no mar, Jn 1.4, portanto, para que brilhemos como estrelas no firmamento, Dn 12.3, é necessário entrar em cena exatamente no tempo desterminado por Deus.

2.      A Doutrina Bíblica de João
A doutrina bíblica pregada por João Batista, tinha a sua base bem firmada no arrependimento, Mt 3.2,11. Naturalmente, João via o arrependimento como a principal atitude, para que alguém pudesse bebericar da caudalosa e inesgotável fonte da graça de Deus.

2.1.  Que é arrependimento?
O arrependimento não é simplesmente, um sentimento de remorso, ou pesar por falta cometida e ato praticado; arrependimento é a atitude de ódio e abandono do pecado, que indubitavelmente conduz o crente à uma nova vida em Cristo Jesus, 2ª Co 5.17, em outras palavras, diríamos que o arrependimento é uma mudança radical de vida, isto é, é o passar da água para o vinh; é uma guinada de cento e oitenta graus, é começar a caminhar em direção oposta. Em suma: “O verdadeiro arrependimento é caracterizado pela transformação de vida”.
2.1.1.      Operações pertinentes ao real arrependimento:
a.       Recebendo o espírito de arrependimento, 2a Co 7.9,10.
b.      O reconhecimento do pecado, Sl 38.2,3.
c.       A tristeza pelo pecado cometido, Lc 22.62.
d.      O ódio declarado pelo pecado, Sl 31.6.
e.       O abandono do pecado, Hb 12.1.
f.       Tomando um novo rumo na vida, Lc 15.7-10.
g.      Tendo um novo propósito de vida, Is 26.3. 

2.2.  A importância do arrependimento
A importância do arrependimento reside no fato, de ser ele, o único responsável pelo desencadeamento de todas as operações da graça salvadora de Cristo, portanto, sem arrependimento por parte do indivíduo, não haverá um genuíno crescimento. Por isso João Batista pregou o arrependimento, Mt 3.2; Jesus não somente pregou, como também ordenou que se pregasse, Mt 4.17; Lc 24.47; e o arrependimento era o cerne da pregação apostólica cf. At 2.38; 3.19; 17.30.

2.3.  A urgência do arrependimento
A urgência está no fato de ser o arrependimento, a primeira atitude do pecador que anseia o perdão de Deus, e a salvação da alma; Jesus foi categórico em seu ensino quanto a urgência, e também quanto a importância do arrependimento, quando disse: “...se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.Lc 13.3. Portanto, o arrependimento é tão urgente, o quanto também é urgente a salvação; a Bíblia diz que o dia da salvação é hoje, Sl 95.7,8; Hb 3.15, e a hora é agora, 2ªCo 6.2.

3.      A Missão de João Batista
Ao pregar que era chegado o Reino dos céus, Mt 3.2, João Batista domonstrava, que a sua missão era preparar o coração dos homens para que o Messias pudesse habitar, e então, levar a efeito, o seu reino invisível, pois o próprio Jesus respondendo aos fariseus, disse: “O Reino de Deus está entre vós”, Lc 17.21. Todo reino estabelecido, tem o seu rei, e com respeito ao Reino dos céus não poderia ser diferente; Jesus é o rei que deve assentar no trono de cada coração, mas para tanto é mister prepara-los. E para executar uma missão tão sublime como esta, requer-se do pregador, um constante avivamento espiritual.
A igreja como Reino dos céus, necessita crescer em números, também espiritualmente, ou do contrário, teremos uma igreja egocêntrica e não Cristocêntrica. Foi João que ensinou o seguinte: “é necessário que ele cresça e que eu diminua.” Jo 3.30.

4.      Os Ouvintes de João
Então, saíram a Ter com ele Jerusalém, toda a Judéia, toda a circunvizinhança do Jordão; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.Mt 3.5,6.

Quando há um movimento do Espírito, e inicia um a vivamento real, logo as notícias se espalham; e nos dias de João Batista não foi diferente; afluíram para o deserto milhares de pessoas de todas as partes, porém dentre estas pessoas havia dois grupos: o primeiro era composto de pessoas sedentas da verdade, que arrependidas confessavam os seus pecados, e portanto eram batizadas por João. O segundo era composto dos santarrões, dos legalistas fariseus e também dos pseudos crentes saduceus, os quais eram desmascarados pelo pregador que dizia: “Raça de víboras, quem vos quem vos induziu a fugir da ira vindoura.Mt 3.7. Assim como a cera derrete diante do calor do fogo, toda a forma de impiedade se dissipa diante da ardente chama do avivamento espiritual cf. Sl 68.2; Hb 12.29. É mister que clamemos por um avivamento que produza uma chama, que seja capaz de queimar todo galho seco, que não tem vida na lavoura de Deus, 1ªCo 3.9.

5.      O sucesso no trabalho
O fato de João Batista ser um homem simples, o sucesso do seu ministério, não era devido a sua formação acadêmica, e nem a arte com que se dirigia às multidôes; e sim no fato de estar investido da autoridade divina e ser portador duma contundente mensagem de arrependimento. Da mesma forma, somente teremos sucesso no trabalho, quando ministrarmos sob a unção e poder produzido por um genuíno avivamento espiritual. João era um eloquente pregador e um eficiente ensinador, Mt 3.1; Lc 7.18,19; 11.1. E todos quantos recebiam a palavra, eram batizados por ele nas águas do rio Jordão; é importante que compreendamos que o batismo nas águas não é uma mera formalidade religiosa, e sim uma ordenança de Jesus, Mt 28.19, uma figura da morte e ressurreição de Cristo, e também um testemunho público da conversão do pecador, que ao ser imergido na água, mostra que morreu para o mundo e o pecado, e ao levantar-se da água mostra que ressuscitou para uma nova vida em Cristo Jesus.

6.      O ensino da Bíblia no avivamento
Se queremos um avivamento permanente, é imprescindível que nos dediquemos ao ensino da Bíblia, pois nela encontramos todos os princípios que regem o movimento do Espírito, que é a essência de todo avivamento espiritual. Portanto, se negligenciarmos o ensino da Bíblia, a chama do avivamento espiritual se dissipará. Há dois grandes males que jamis poderemos permitir, o primeiro é a falta do ensino da Bíblia no avivamento; e o segundo é a consequência do primeiro, ou seja, quando não há um genuíno ensino bíblico, proliferam-se os mortíferos gérmens das hereisas; se não cuidarmos da saúde do avivamento, inevitavelmente, participaremos do seu funeral.



7.      Os ensinos no avivamento joanino:
7.1.  O arrependimento dos pecados e sua confissão.
7.2.  O Reino dos céus presente.
A distinção feita pelos estudiosos entre a expressão Reino de Deus e Reino dos céus, é a seguinte:
Reino de Deus – (do lat. Regnum). Cômputo de todas as Bênçãos, promessas e alianças que o Todo-Poderoso, em seu infinito e imenso amor, destinou aos que recebem a Cristo Jesus. O Reino de Deus não é apenas um lugar; é um estado de imensuráveis bem-aventuranças.
Reino dos Céus – Estado celestial cujo governante máximo é Deus. Nesta perspectiva, o Reino dos céus é mais lugar que estado; é mais instituição que eternidade. É o lugar para onde vão as almas dos bem-aventurados.[1]

7.3.  A humildade do crente
Embora João Batista tenha sido considerado, o maior profeta, pelo próprio Senhor Jesus, o príncipe dos profetas, Mt 11.11, ele intitula-se apenas como: “A voz do que clama no deserto”, Jo 1.19-23. E não julgava digno nem sequer de abaixar para desatar as correias das sandálias do Mestre, Jo 1.27. A humildade do crente é tão importante para Jesus, que no sermão da montanha, a primeira bem-aventurança, ele proferiu para os humildes de espírito Mt 5.3.

7.4.  O batismo em água
João Batista começou a batizar no rio Jordão, e por isso o seu batismo ficou denominado de: “O batismo de João”, Mt 21.25; At 19.3. O batismo de João deu lugar ao batismo cristão. Portanto, quando o apóstolo Pedro fazendo referência ao batismo crsitão em At 2.38, e 8.16, disse: “...batizando em nome de Jesus Cristo...”, Pedro não estava ditando mais uma fórmula como querem e afirmam os defensores da doutrina unicista, e sim fazendo uma distinção entre o batismo de João e o batismo cristão, cuja fórmula é “Em nome do Pai e do filho e do Espírito Santo”, e não apenas em nome de Jesus.


7.5.  Frutos da nova vida espiritual
Os frutos dignos de arrependimento, referido por João em Mt 3.8, bem como o fruto do Espírito, referido por Paulo em Gl 5.22,23, deve preceder a manifestação dos dons espirituais na vida dos crentes, pois, se por acaso, o avivamento espiritual precedesse o fruto do Espírito, seria assemelhar a um comandante incoerente, que é capaz de deixar uma arma de grande poder de destruição sob o controle de um soldado recruta. Portanto, para que o poder do Espírito entre em evidência no avivamento espiritual, é mister que os crentes demonstrem maturidade espiritual, através dos frutos, pois João Batista pregou que o machado está posto à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo, Mt 3.10.

7.6.  Morrer na incredulidade
Usando a metáfora do trigo e da palha, o profeta João Batista pregava a condenação de todos que permanecessem na incredulidade; ele não era do tipo de pregador que se preocupa com a opinião pública, João Batista tinha consciência que lugar de profeta é no calabouço, Lc 3.20. Ainda que seja embasada no amor, toda verdade bíblica necessita ser anunciada, Ef 4.15, porque a incisão feita pelo bisturi da verdade bíblica, será cicatrizada pelo amor demonstrado pelo pregador.

7.7.  O batismo com Espírito Santo e com fogo
O batismo com Espírito Santo e com fogo é uma promessa bíblica para todos os convertidos que crêem  e buscarem; assim como a experiência do batismo nas águas é uma realidade na vida dos crentes, da mesma forma, o batismo com Espírito Santo deveria ser.
As etapas seguidas para a concretização do batismo nas águas, devem ser as mesmas para o batismo com Espírito Santo, as quais são:
Crer, At 8.37; Gl 3.14.
Pedir, At 8.36; Lc 11.13.
Esperar, At 1.4.
Se entregar nas mãos do batizador, At 8.38; Mt 3.11.
A promessa do batismo:
a.       através do rei Salomão, no ano 1000 a.C., Pv 1.23.
b.      através do profeta Joel, no ano 800 a.C., Jl 2.28-32.
c.       Através do profeta Isaías, no ano 700 a.C., Is 44.3.
d.      através do profeta Zacarias, no ano 487 a.C., Zc 12.10.
e.       através do profeta João Batista, no ano 27 d.c., Mt 3.11.
f.       através do profeta Senhor Jesus, o batizador, At 1.4,5,8.

Conclusão
Assim como foi imprescindível o avivamento na vida do pregador João Batista, para que liderasse o grande avivamento dos seus dias, da mesma forma, também é indispensável na vida dos atuais pregadores, porque o avivamento na vida do pregador produzirá mensagens ungidas, e as mensagens ungidas produzirão igreja inflamadas.

Autor -  Ricardo Aparecido dos Reis


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