O AVIVAMENTO NA VIDA DO PREGADOR
Texto: Mateus 3.1-8,11
1. Naqueles dias, apareceu João
Batista pregando no deserto da Judéia e dizia:
2. Arrependei-vos porque está
próximo o reino dos céus.
3. Porque este é o referido por
intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho
do Senhor, endiretai as sua veredas.
4. Usava João vestes de pêlos
de camelo e um cinto de couro; a sua alimentação eram gafanhotos e mel
silvestre.
5. Então, saíram a ter com elel
Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão;
6. e eram por ele batizado no
rio Jordão, confessando os seus pecados.
7. Vendo ele, porém, que muitos
fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de viboras, quem vos
induziu a fugir da ira vindoura?
8. Produzi, pois, frutos dignos
de arrependimento;
11. Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas
aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou
digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
INTRODUÇÃO
Ao
encerrar o ministério profético de Malaquias, teve início o grande silêncio
profético que durou 400 anos, período no qual Deus não falou por boca de
nenhum profeta, porém, como estava
previsto pelo profeta Isaías em (Is 40.3),
este referido período de silêncio foi rompido pela Voz do que clama no deserto.
Assim relata o texto sagrado: “Naqueles dias, apareceu João Batista
pregando no deserto da Judéia e dizia:”, Mt 3.1. E como precursor de Cristo; o principal propósito da sua
pregação, era preparar os corações dos homens, para receberem o Messias de
Israel e consequentemente, o Reino dos céus, Mt 3.2. Missão executada com sucesso, por ter sido cheio do
Espírito Santo desde o ventre da sua mãe, Lc
1.15, e não somente por isso, mas também porque sabiamente conservou a
plenitude do Espírito Santo durante toda a sua vida, cf. Lc 1.80. Portanto, o ministério de João, o batista, é um expressivo
exemplo para todos o pregadores dos dias atuais
I.
O
MINISTÉRIO DE JOÃO, O BATISTA
1.
O Aparecimento de João
O
texto em apreço, inicia falando do aparecimento de João Batista: “Naqueles
dias, apareceu...” 3.1.
Porém o seu aparecimento não foi fruto do acaso, pois João, o discípulo amada,
ao referir-se sobre o seu aparecimento, como o precursor de Cristo, disse: “Houve
um homem enviado por Deus cujo nome era João.” Jo 1.6. O ministério de João, o Batista pode ser considerado
um dos mais curtos da Bíblia, sua duração não chegou atingir um ano sequer; mas
a respeito deste retumbante pregador, Jesus afirmou: “...entre os nascidos de mulher,
ninguém apareceu maior do que João Batista...” Mt 11.11. Embora curto, o seu ministério foi grande em
resultados, devido o poder do Espírito Santo em sua vida, suas próprias
virtudes, a maneira como pregava sobre o Messias, e também a coragem com que
denunciava o pecado. O pregador não deve se preocupar tão somente com a
extensão de seu ministério, mas durante o seu exercício, a sua preocupação deve
ser com a qualidade e os resultados do mesmo; e portanto, deve estar consciente
da necessidade do avivamento em sua vida.
O profeta João Batista e sua
virtudes ministeriais:
a. Sua humildade, Jo 1.20; Lc 3.15,16;
b.
Sua vida de justiça e santidade, Mc 6.20;
c.
Sua atitude com respeito à Cristo, Jo 3.30;
d.
Sua coragem em denunciar o pecado, Mc 6.17-19;
e.
Sua energia ao pregar, Mt 5.7-10;
f.
Sua firmeza ao ensinar, Lc 3.10-14;
g.
Sue ministério avivado, Mt 3.5; Mc 1.5; Jo 5.35.
1.1. A pregação do João Batista e seu local
“...pregando
no deserto da Judéia”, Mt 3.1b
João
Batista era um homem diferente, Mt 3.4, trajes diferentes, estilo diferente, e atitudes
diferentes. Enquanto os demais líderes religiosos apareciam ministrando onde
estavam as multidões, isto é, nos grandes centros, ele apareceu pregando no
deserto da Judéia, e as multidões de todas as partes, é que eram atraídas para
ouvi-lo no deserto. Só há uma razão obvia, que justifica a aglmeração de
pessoas de todas as classes sociais, de Jerusalém, de toda a Judéia, como
também de toda a província adjacente ao Jordão; o poder de Deus na vida de João
Batista. Da mesma forma, é necessário um autêntico avivamento na vida do
pregador, para que possa atrair as pessoas, que embora cercadas por milhares de
outras, estão isoladas pela solidão interior, e oprimidas pelo causticante
deserto espiritual. Para que ao ouvi-lo, sejam levadas ao arrependimento, a fim
de que recebam o perdão dos seus pecados, e experimentem os tempos do
refrigério pela presença do Senhor, como aconteceu aos judeus após o avivamento
do dia de Pentecostes, At 3.19.
1.2. O modo de
vida
“Usava João vestes de pêlos de
camelo e um cinto de couro; a sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre.”
Mt
3.4
O modo de vida
de João Batista era simples, trava-se como homem do campo; a sua alimentação,
segundo os historiadores era a alimentação comum das pessoas mais pobres.
Apesar da simplicidade do seu modo de vida, o avivamento na vida deste honrado
pregador, faiza com Qua as multidões se dirigissem ao deserto para ouvi-lo.
Aprendemos
com João Batista, que o pregador que vive a plenitude do Espírito Santo, deve
ter sempre o cuidado de evitar o luxo, a pompa, a vanglória, etc., para que os
exageros não fale mais alto do que a sua pregação, e por fim acabe ocupando o
lugar da autoridade espiritual. É preferível não ter prata nem ouro como Pedro
e João, At 3.6, do que tê-las, e no
entanto, não reunir as condições necessárias para representar dignamente aquele
que é o legítimo dono do ouro e da prata, Ag
2.8.
1.3. A ocasião
propícia
O profeta João
Batista iniciou o seu ministério no momento certo; verdadeiramente, o obreiro
avivado que procura andar de acordo com a direção de Deus, nunca engendrará uma
situação para se projetar no ministério precipitadamente, ele não forçará a
porta, cuja chave está nas mãos do Filho de Davi, Ap 3.7. Assim, como o sistema solar, milênios após milênios, revela
a majestosa sabedoria divina, fazendo a rotação predeterminada pelo criador, é
necessário que os obreiros entrem em cena de acordo com a determinação do
Espírito Santo de Deus. Imagine o desastre ecológico que aconteceria, se a
terra alterasse a sua rotação em alguns segundos, da mesma forma, podemos
imaginar o desastre espiritual que ocorre quando um obreiro age
precepitadamente, ou deixa de agir no tempo certo.
Moisés
antecipou o tempo de Deus, teve que fugir, Êx
2.14,15; Jonas adiou o tempo de Deus, sofreu com a tempestade no mar, Jn 1.4, portanto, para que brilhemos
como estrelas no firmamento, Dn 12.3,
é necessário entrar em cena exatamente no tempo desterminado por Deus.
2.
A Doutrina Bíblica de João
A doutrina
bíblica pregada por João Batista, tinha a sua base bem firmada no
arrependimento, Mt 3.2,11.
Naturalmente, João via o arrependimento como a principal atitude, para que
alguém pudesse bebericar da caudalosa e inesgotável fonte da graça de Deus.
2.1. Que é
arrependimento?
O
arrependimento não é simplesmente, um sentimento de remorso, ou pesar por falta
cometida e ato praticado; arrependimento é a atitude de ódio e abandono do
pecado, que indubitavelmente conduz o crente à uma nova vida em Cristo Jesus, 2ª Co 5.17, em outras
palavras, diríamos que o arrependimento é uma mudança radical de vida, isto é,
é o passar da água para o vinh; é uma guinada de cento e oitenta graus, é
começar a caminhar em direção oposta. Em suma: “O verdadeiro arrependimento é
caracterizado pela transformação de vida”.
2.1.1. Operações pertinentes ao real arrependimento:
a.
Recebendo o espírito de arrependimento, 2a Co 7.9,10.
b.
O reconhecimento do pecado, Sl 38.2,3.
c.
A tristeza pelo pecado cometido, Lc 22.62.
d.
O ódio declarado pelo pecado, Sl 31.6.
e.
O abandono do pecado, Hb 12.1.
f.
Tomando um novo rumo na vida, Lc 15.7-10.
g.
Tendo um novo propósito de vida, Is 26.3.
2.2. A
importância do arrependimento
A importância
do arrependimento reside no fato, de ser ele, o único responsável pelo
desencadeamento de todas as operações da graça salvadora de Cristo, portanto, sem
arrependimento por parte do indivíduo, não haverá um genuíno crescimento. Por
isso João Batista pregou o arrependimento, Mt
3.2; Jesus não somente pregou, como também ordenou que se pregasse, Mt 4.17; Lc 24.47; e o arrependimento
era o cerne da pregação apostólica cf. At
2.38; 3.19; 17.30.
2.3. A urgência
do arrependimento
A
urgência está no fato de ser o arrependimento, a primeira atitude do pecador
que anseia o perdão de Deus, e a salvação da alma; Jesus foi categórico em seu
ensino quanto a urgência, e também quanto a importância do arrependimento,
quando disse: “...se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.”
Lc 13.3. Portanto, o
arrependimento é tão urgente, o quanto também é urgente a salvação; a Bíblia
diz que o dia da salvação é hoje, Sl
95.7,8; Hb 3.15, e a hora é agora, 2ªCo
6.2.
3.
A Missão de João Batista
Ao
pregar que era chegado o Reino dos céus, Mt
3.2, João Batista domonstrava, que a sua missão era preparar o coração dos
homens para que o Messias pudesse habitar, e então, levar a efeito, o seu reino
invisível, pois o próprio Jesus respondendo aos fariseus, disse: “O
Reino de Deus está entre vós”, Lc
17.21. Todo reino estabelecido, tem o seu rei, e com respeito ao Reino dos
céus não poderia ser diferente; Jesus é o rei que deve assentar no trono de
cada coração, mas para tanto é mister prepara-los. E para executar uma missão
tão sublime como esta, requer-se do pregador, um constante avivamento
espiritual.
A
igreja como Reino dos céus, necessita crescer em números, também espiritualmente,
ou do contrário, teremos uma igreja egocêntrica e não Cristocêntrica. Foi João
que ensinou o seguinte: “é necessário que ele cresça e que eu diminua.”
Jo 3.30.
4.
Os Ouvintes de João
“Então, saíram a Ter com ele
Jerusalém, toda a Judéia, toda a circunvizinhança do Jordão; e eram por ele
batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.” Mt 3.5,6.
Quando há um movimento do
Espírito, e inicia um a vivamento real, logo as notícias se espalham; e nos
dias de João Batista não foi diferente; afluíram para o deserto milhares de
pessoas de todas as partes, porém dentre estas pessoas havia dois grupos: o
primeiro era composto de pessoas sedentas da verdade, que arrependidas
confessavam os seus pecados, e portanto eram batizadas por João. O segundo era
composto dos santarrões, dos legalistas fariseus e também dos pseudos crentes
saduceus, os quais eram desmascarados pelo pregador que dizia: “Raça
de víboras, quem vos quem vos induziu a fugir da ira vindoura.” Mt 3.7. Assim como a cera derrete diante do calor do fogo,
toda a forma de impiedade se dissipa diante da ardente chama do avivamento
espiritual cf. Sl 68.2; Hb 12.29. É
mister que clamemos por um avivamento que produza uma chama, que seja capaz de
queimar todo galho seco, que não tem vida na lavoura de Deus, 1ªCo 3.9.
5.
O sucesso no trabalho
O fato de João
Batista ser um homem simples, o sucesso do seu ministério, não era devido a sua
formação acadêmica, e nem a arte com que se dirigia às multidôes; e sim no fato
de estar investido da autoridade divina e ser portador duma contundente
mensagem de arrependimento. Da mesma forma, somente teremos sucesso no
trabalho, quando ministrarmos sob a unção e poder produzido por um genuíno
avivamento espiritual. João era um eloquente pregador e um eficiente ensinador,
Mt 3.1; Lc 7.18,19; 11.1. E todos
quantos recebiam a palavra, eram batizados por ele nas águas do rio Jordão; é
importante que compreendamos que o batismo nas águas não é uma mera formalidade
religiosa, e sim uma ordenança de Jesus, Mt
28.19, uma figura da morte e ressurreição de Cristo, e também um testemunho
público da conversão do pecador, que ao ser imergido na água, mostra que morreu
para o mundo e o pecado, e ao levantar-se da água mostra que ressuscitou para
uma nova vida em Cristo Jesus.
6. O ensino da Bíblia no avivamento
Se queremos um
avivamento permanente, é imprescindível que nos dediquemos ao ensino da Bíblia,
pois nela encontramos todos os princípios que regem o movimento do Espírito,
que é a essência de todo avivamento espiritual. Portanto, se negligenciarmos o
ensino da Bíblia, a chama do avivamento espiritual se dissipará. Há dois
grandes males que jamis poderemos permitir, o primeiro é a falta do ensino da
Bíblia no avivamento; e o segundo é a consequência do primeiro, ou seja, quando
não há um genuíno ensino bíblico, proliferam-se os mortíferos gérmens das
hereisas; se não cuidarmos da saúde do avivamento, inevitavelmente,
participaremos do seu funeral.
7. Os ensinos no avivamento joanino:
7.1. O arrependimento dos pecados e sua confissão.
7.2. O Reino dos céus presente.
A distinção
feita pelos estudiosos entre a expressão Reino de Deus e Reino dos céus, é a
seguinte:
Reino de Deus – (do lat.
Regnum). Cômputo de todas as Bênçãos, promessas e alianças que
o Todo-Poderoso, em seu infinito e imenso amor, destinou aos que recebem a
Cristo Jesus. O Reino de Deus não é apenas um lugar; é um estado de
imensuráveis bem-aventuranças.
Reino dos Céus – Estado
celestial cujo governante máximo é Deus. Nesta perspectiva, o Reino dos céus é
mais lugar que estado; é mais instituição que eternidade. É o lugar para onde
vão as almas dos bem-aventurados.
7.3. A humildade
do crente
Embora
João Batista tenha sido considerado, o maior profeta, pelo próprio Senhor
Jesus, o príncipe dos profetas, Mt 11.11,
ele intitula-se apenas como: “A voz do que clama no deserto”, Jo 1.19-23. E não julgava digno nem
sequer de abaixar para desatar as correias das sandálias do Mestre, Jo 1.27. A humildade do crente é tão
importante para Jesus, que no sermão da montanha, a primeira bem-aventurança,
ele proferiu para os humildes de espírito Mt
5.3.
7.4. O batismo
em água
João
Batista começou a batizar no rio Jordão, e por isso o seu batismo ficou
denominado de: “O batismo de João”, Mt
21.25; At 19.3. O batismo de João deu lugar ao batismo cristão. Portanto,
quando o apóstolo Pedro fazendo referência ao batismo crsitão em At 2.38, e 8.16, disse: “...batizando
em nome de Jesus Cristo...”, Pedro não estava ditando mais uma fórmula
como querem e afirmam os defensores da doutrina unicista, e sim fazendo uma distinção
entre o batismo de João e o batismo cristão, cuja fórmula é “Em nome do Pai e
do filho e do Espírito Santo”, e não apenas em nome de Jesus.
7.5. Frutos da
nova vida espiritual
Os
frutos dignos de arrependimento, referido por João em Mt 3.8, bem como o fruto do Espírito, referido por Paulo em Gl 5.22,23, deve preceder a
manifestação dos dons espirituais na vida dos crentes, pois, se por acaso, o
avivamento espiritual precedesse o fruto do Espírito, seria assemelhar a um
comandante incoerente, que é capaz de deixar uma arma de grande poder de
destruição sob o controle de um soldado recruta. Portanto, para que o poder do
Espírito entre em evidência no avivamento espiritual, é mister que os crentes
demonstrem maturidade espiritual, através dos frutos, pois João Batista pregou
que o machado está posto à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz
bom fruto é cortada e lançada no fogo, Mt
3.10.
7.6. Morrer na
incredulidade
Usando
a metáfora do trigo e da palha, o profeta João Batista pregava a condenação de
todos que permanecessem na incredulidade; ele não era do tipo de pregador que
se preocupa com a opinião pública, João Batista tinha consciência que lugar de
profeta é no calabouço, Lc 3.20.
Ainda que seja embasada no amor, toda verdade bíblica necessita ser anunciada, Ef 4.15, porque a incisão feita pelo
bisturi da verdade bíblica, será cicatrizada pelo amor demonstrado pelo
pregador.
7.7. O batismo com Espírito Santo e com fogo
O batismo com
Espírito Santo e com fogo é uma promessa bíblica para todos os convertidos que
crêem e buscarem; assim como a
experiência do batismo nas águas é uma realidade na vida dos crentes, da mesma
forma, o batismo com Espírito Santo deveria ser.
As
etapas seguidas para a concretização do batismo nas águas, devem ser as mesmas
para o batismo com Espírito Santo, as quais são:
1º Crer, At 8.37; Gl 3.14.
2º Pedir, At 8.36; Lc 11.13.
3º
Esperar, At 1.4.
4º
Se entregar nas mãos do batizador, At
8.38; Mt 3.11.
A
promessa do batismo:
a. através do rei Salomão, no ano 1000 a.C., Pv 1.23.
b.
através do profeta Joel, no ano 800 a.C., Jl 2.28-32.
c.
Através do profeta Isaías, no ano 700 a.C., Is 44.3.
d.
através do profeta Zacarias, no ano 487 a.C., Zc 12.10.
e.
através do profeta João Batista, no ano 27 d.c., Mt 3.11.
f.
através do profeta Senhor Jesus, o batizador, At 1.4,5,8.
Conclusão
Assim como foi
imprescindível o avivamento na vida do pregador João Batista, para que
liderasse o grande avivamento dos seus dias, da mesma forma, também é
indispensável na vida dos atuais pregadores, porque o avivamento na vida do
pregador produzirá mensagens ungidas, e as mensagens ungidas produzirão igreja
inflamadas.
Autor - Ricardo Aparecido dos Reis