quinta-feira, 20 de outubro de 2022

EMOÇÕES NO CÉU

 EMOÇÕES NO CÉU

Sem dúvida, no céu há religião verdadeira. Sem dúvida, no céu a religião é absolutamente pura e perfeita. De acordo com os quadros que as Escrituras nos dão do céu, a religião lá consiste principalmente em amor e alegria, expressos nos louvores mais fervorosos e exaltados. Ora, a religião dos santos no céu é a religião dos santos na terra, tornada perfeita.
Aqui a graça é o amanhecer da glória futura. Textos como I Cor. capítulo 13, provam isso. Assim, se a religião do céu é uma religião de emoção, toda a religião verdadeira deve ser de emoção.
O modo de aprender a natureza verdadeira de qualquer coisa é ir até onde se encontra essa coisa em sua forma pura.
Devemos, portanto, levantar nossas mentes até ao céu para sabermos como é a verdadeira religião. Isto ocorre porque todos os que são verdadeiramente espirituais não são deste mundo; são forasteiros aqui, pertencem ao céu.
Nasceram do alto e o céu é sua pátria nativa; a natureza que recebem em seu nascimento celeste também é celeste. A vida da verdadeira religião no coração do verdadeiro crente é uma semente da religião do céu, e Deus nos prepara para o céu, conformando-nos a ele. Assim, se a religião do céu é de emoção, nossa religião na terra também deve ser semelhante.

EMOÇÕES E NOSSOS DEVERES RELIGIOSOS

A importância das emoções espirituais podem ser vistas a partir dos deveres que Deus designou como expressões de culto.
Oração - Declaramos em oração as perfeições de Deus, Sua majestade, santidade, bondade e absoluta suficiência, nosso próprio vácuo e desmerecimento, nossas necessidades e desejos.
Mas, por quê? Não para informar a Deus dessas coisas, pois Ele já as conhece, e certamente não para mudar Seus propósitos e persuadi-lO que deveria nos abençoar. Não, declaramos, porém estas coisas para mover e influenciar nossos próprios corações, e dessa forma nos preparamos para receber as bênçãos que pedimos.
Louvor - O dever de cantarmos louvores a Deus parece não ter outro propósito que o de excitar e expressar emoções espirituais. Podemos encontrar somente uma razão para que Deus ordenasse que nos manifestássemos a Ele tanto em poesia como em prosa, e em cântico como pela fala.
A razão é esta: quando a verdade divina é expressa em poemas e cânticos, tem uma tendência maior a se imprimir em nós e mover nossas emoções.
Batismo e a Ceia do Senhor - O mesmo é verdadeiro com relação ao batismo e à Ceia do Senhor. Por natureza, as coisas físicas e visíveis nos influenciam muito.
Assim, Deus não somente ordenou que ouvíssemos o evangelho contido em Sua Palavra, mas também que víssemos o evangelho exposto diante de nossos olhos em símbolos visíveis, de modo a nos influenciar ainda mais. Essas demonstrações visíveis do evangelho são o Batismo e a Ceia do Senhor.
Pregação - Uma grande razão porque Deus ordenou a pregação na Igreja é para gravar as verdades divinas em nossos corações e emoções. Não é suficiente que tenhamos bons comentários e livros de teologia.
Estes podem iluminar nossa compreensão, porém não têm o mesmo poder que a pregação para mover nossas vontades. Deus usa a energia da palavra falada para aplicar Sua verdade aos nossos corações de forma mais particular e viva.

EMOÇÕES E A DUREZA DE CORAÇÃO

Outra prova que a verdadeira religião se encontra nas emoções, é que as Escrituras muitas vezes chamam o pecado de "dureza de coração". Considerem os seguintes textos:
"Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza dos
seus corações" etc. (Mar.3:5).
"Oxalá ouvísseis hoje a Sua voz! Não endureçais o vosso
coração, como em Meribá, como no dia de Massa, no deserto;
quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, não
obstante terem visto as minhas obras. Durante quarenta anos
estive desgostado com essa geração, e disse: é povo de coração
transviado." (Sal. 95:7-10).
"O Senhor, por que nos fazes desviar dos teus caminhos? Por
que endureces o nosso coração, para que te não temamos?" (Is.
63:17). "Mas endureceu a sua cerviz, e tanto se obstinou no seu coração, que não voltou ao Senhor, Deus de Israel" (II Cron. 36:13).
Junto com esses textos, considerem também que as Escrituras descrevem a conversão como o tirar "da sua carne o coração de pedra", como o dar um "coração de carne" (Ez. 11:19; 36:26).
Um coração duro é obviamente aquele que não é fácil de mover ou impressionar com as emoções espirituais. É como pedra - frio, insensível, sem sentimento para com Deus e a santidade.
É o oposto de um coração de carne, o qual tem sentimento e pode ser tocado e movido. Segue-se, portanto, que santidade de coração consiste principalmente em emoções espirituais.

QUE ENSINAMENTOS SOBRE EMOÇÕES PODEMOS APRENDER DE TUDO ISSO?

(i) Aprendemos quão grande erro é rejeitar todas as emoções espirituais como se não houvesse nada de sólido nelas. Este erro pode surgir após um avivamento religioso.
Tendo em vista que as emoções vivas de tantas pessoas parecem desaparecer completamente tão depressa, as pessoas começam a desprezar todas as emoções espirituais, como se o cristianismo não tivesse nenhuma relação com elas.
O outro extremo é ver todas as emoções religiosas vigorosas como sinais de conversão verdadeira, sem inquirir sobre a natureza e fonte dessas emoções. Se as pessoas simplesmente parecem ser muito calorosas e cheias de loquacidade espiritual, os outros concluem que devem ser cristãos piedosos.
Satanás tenta nos empurrar de um extremo ao outro. Quando ele vê que emoções estão na moda, ele semeia seu joio entre o trigo; mistura emoções falsas com a obra do Espírito de Deus. Desse modo ele ilude e arruína eternamente a muitos, confundindo os verdadeiros crentes e corrompendo o cristianismo.
Entretanto, quando as más conseqüências dessas emoções falsas se tornam aparentes, satanás muda sua estratégia. Tenta agora persuadir as pessoas que todas as emoções espirituais são inúteis. Desse modo, procura fechar tudo o que for espiritual para fora de nossos corações, e transformar o cristianismo num formalismo sem vida.
O correto é não rejeitar todas as emoções, nem aceitá-la todas, e sim, diferenciá-las. Deveríamos aprovar algumas e rejeitar outras. Temos que separar o trigo do joio, o ouro da impureza e o precioso do sem valor.
(ii) Se a verdadeira religião repousa de tal maneira em nossas emoções, deveríamos dar muito valor àquilo que produz essas emoções em nós. Deveríamos desejar o tipo de livro, pregação, oração e cântico que afetarão nossos corações profundamente.
Não me interpretem mal. Estas coisas podem às vezes despertar as emoções de pessoas fracas e ignorantes sem lhes fazer qualquer bem à alma; isto porque é possível para estas coisas excitarem emoções que não são espirituais e santas.
Deve haver uma apresentação clara e uma compreensão correta da verdade espiritual em nossos livros religiosos, nossas pregações, nossas orações e nossos cânticos. Sendo este o caso, quanto mais tocarem nossas emoções, melhor serão.
(iii) Se a verdadeira religião consiste em grande parte em nossas emoções, temos razão em nos envergonhar por não sermos mais influenciados pelas realidades espirituais.
Deus nos deu emoções para o mesmo propósito que todas as outras capacidades que possuímos, isto é, para servir ao fim principal do homem, sua relação com Deus. Todavia, como é comum que as emoções humanas se ocupem de tudo, exceto realidades espirituais! Em assuntos dos interesses mundanos das pessoas, seus prazeres externos, sua reputação, e suas relações naturais - nestas coisas, seus desejos anseiam, seu amor é quente e seu zelo é ardente.
No entanto, como a maioria das pessoas é insensível e indiferente quanto às coisas espirituais! Aqui seu amor é frio, seus desejos são morosos, sua gratidão pequena. Podem sentar e ouvir sobre o amor infinito de Deus em Jesus Cristo, a morte em agonia de Cristo pelos pecadores, e salvação pelo Seu sangue do fogo eterno do inferno, para as alegrias inexprimíveis do céu - e permanecem frias, sem resposta, desinteressadas!
O que mais poderia mover nossas emoções, senão estas verdades? Coisa alguma poderia ser mais importante, mais maravilhosa ou mais relevante? Poderia algum cristão nutrir o pensamento que o glorioso evangelho de Jesus Cristo não moveria e excitaria as emoções humanas?
Deus planejou nossa redenção para que revelasse todas as maiores verdades de modo mais intenso e tocante. A personalidade humana e a vida humana de Jesus revelam a glória e beleza de Deus na forma mais comovente imaginável.
Assim como a cruz mostra o amor de Jesus pelos pecadores do modo mais comovente, também revela a natureza odiosa de nossos pecados de modo muito tocante, pois vemos o terrível efeito que nossos pecados tiveram em Jesus, ao sofrer por nós.
Na cruz também vemos a revelação mais impressionante do ódio de Deus pelo pecado, e Sua justiça e ira ao puni-lo. Mesmo sendo Seu próprio e infinitamente amado Filho que tomou o nosso lugar, Deus abateu-O com a morte. Quão rigorosa é a justiça divina, rigorosa e quão horrível a sua ira! Daí, então como deve ser grande a nossa vergonha, visto que estas coisas não nos atingem mais!
Jonathan Edwards

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