quinta-feira, 20 de outubro de 2022

EMOÇÕES ESPIRITUAIS

 EMOÇÕES ESPIRITUAIS

Emoções que não são produzidas por nosso próprio esforço podem ser ou não espirituais.
Muitos condenam todas as emoções que não resultam da produção natural da mente.
Ridicularizam a idéia de podermos de fato sentir o Espírito Santo operando poderosamente em nós.
O Espírito, dizem, sempre opera em silêncio, de modo invisível. Insistem que Ele só opera mediante as verdades da Bíblia e através dos nossos próprios esforços, isto é, a oração.
Portanto, concluem, não temos como distinguir entre a obra do Espírito e as operações naturais de nossas próprias mentes.
É verdade que não temos direito de esperar que o Espírito de Deus opere em nós se negligenciarmos coisas como o estudo bíblico e a oração.
É também verdade que o Espírito opera de formas diferentes - às vezes silenciosa e invisivelmente.
Mesmo assim, se a experiência de salvação nos vem de Deus, por que não deveríamos senti-la? Não produzimos salvação por nossos próprios esforços. A operação natural de nossas mentes não produz salvação.
É o Espírito do Todo-poderoso que produz salvação em nossos corações. Por que, então, não deveríamos sentir que o Espírito opera em nós? Se sentimos isso, sentimos somente o que é verdadeiro.
Estamos, portanto, errados ao tacharmos as pessoas de iludidas somente por dizerem que sentiram o Espírito Santo operando nelas. Chamar a isso de ilusão é como dizer: "Você sente que sua experiência é de Deus. Bem, isto prova que sua experiência não vem de Deus!"
As Escrituras descrevem a salvação de um pecador como um renascimento (João 3:3), uma ressurreição da morte (Ef. 2:5), uma nova criação (II Cor. 5:17). Essas descrições têm uma coisa em comum. Todos descrevem eventos que não poderiam ser produzidos pela pessoa que os experimentou. Somente Deus é autor da regeneração do pecador, ressurreição espiritual e nova criação.
Porventura um pecador que tem a experiência de Deus operando em sua vida desse modo, não perceberá que é Ele que o está salvando? Sem dúvida é por isso que as Escrituras descrevem a salvação como regeneração, ressurreição e nova criação. Essas palavras testemunham o fato de que a experiência de salvação não se origina em nós mesmos.
Na salvação, Deus opera com um poder que é, obviamente mais que humano. Dessa forma Ele nos impede de nos vangloriar do que nós fizemos. Por exemplo, quando Deus salvou a Seu povo, nos dias do Velho Testamento, sua experiência tornou claro que não haviam salvo a si próprios.
Quando Deus os tirou do Egito, por ocasião do êxodo, primeiro permitiu que sentissem seu próprio desamparo; então os redimiu por Seu poder miraculoso. Ficou claro para eles que Deus era seu Salvador.
Vemos a mesma experiência do poder de Deus na maioria das conversões descritas no Novo Testamento. O Espírito Santo não convertia as pessoas de modo silencioso, oculto e gradual. Geralmente convertia-as com uma demonstração gloriosa de poder sobrenatural. Hoje as pessoas muitas vezes vêem tais experiências de conversão como um sinal certo de ilusão.
Por outro lado, não devemos pensar que nossas emoções sejam verdadeiramente espirituais somente porque não as produzimos com os nossos próprios esforços. Algumas pessoas tentam provar que suas emoções são do Espírito Santo com o seguinte argumento: "Não produzi esta experiência por mim mesmo. A experiência veio a mim quando não a estava buscando. Não posso fazê-la voltar de novo por meus próprios esforços."
Esse argumento não é saudável. Uma experiência que não venha de nós mesmos pode vir de um espírito falso. Existem muitos espíritos falsos que se disfarçam como anjos de luz (II Cor. 11:14). Imitam o Espírito de Deus com grande maestria e poder. Satanás pode operar em nós, e podemos diferenciar a obra dele do funcionamento natural de nossas mentes. Por exemplo, satanás enche as mentes de algumas pessoas com blasfêmias terríveis e sugestões vis.
Essas pessoas têm certeza que essas blasfêmias e sugestões satânicas não vêm de suas próprias mentes. Penso que é igualmente fácil para o poder de satanás encher-nos de confortos e alegrias falsos.
Certamente sentiríamos que esses confortos e alegrias não vieram de nós mesmos. Entretanto, isso não provaria que vieram de Deus! Os transes e arrebatamentos de alguns fanáticos religiosos não são de Deus, e sim de satanás.
Também podemos ter experiências que vêm do Espírito de Deus, as quais não nos salvam nem provam que somos salvos. Lemos em Heb. 6:4-5 sobre pessoas "que uma vez foram iluminadas e provaram o dom celestial e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro", mas que enfim se revelaram ser incrédulas, (vers. 6-8).
Experiências religiosas também podem ocorrer sem a influência de um espírito bom ou mau. Pessoas impressionáveis e com imaginação viva podem ter emoções estranhas e impressões que não foram produzidas por seus próprios esforços. Não produzimos sonhos por nossos esforços quando estamos dormindo. Pessoas imaginativas podem ter sentimentos e impressões religiosas que são como sonhos, embora estejam acordadas.
O fato de nossas emoções virem acompanhadas por um versículo bíblico não prova que sejam ou não espirituais
Verdadeiras emoções espirituais podem vir a nós acompanhadas por um versículo bíblico. Tais emoções são espirituais se surgirem de uma compreensão espiritual da verdade ensinada pelo versículo.
Por outro lado, não há prova que uma emoção seja espiritual somente por ter surgida de um versículo bíblico que venha súbita e poderosamente à mente. Algumas pessoas pensam que esse tipo de experiência é um sinal de que são salvas, especialmente se os versículos bíblicos produzirem emoções de esperança e alegria.
Dizem: "O versículo veio subitamente à minha mente. Foi como se Deus estivesse falando diretamente a mim. Não estava pensando sobre o versículo quando surgiu. Nem sequer sabia, inicialmente, que tal versículo estava na Bíblia!"
Talvez acrescentem: "Um após o outro os versículos vieram à minha mente. Eram todos tão positivos e encorajadores. Chorei de alegria. Não podia mais duvidar que Deus me amava."
Dessa forma, as pessoas persuadem a si mesmas de que suas emoções e experiências vêm de Deus, e que estão verdadeiramente salvas. Entretanto, sua segurança não tem fundamento. A Bíblia não nos manda testar a veracidade de nossa fé assim; a Bíblia não nos diz que somos salvos se versículos bíblicos vierem subitamente às nossas mentes.
Não diz que somos salvos se versículos positivos e encorajadores entrarem em nossas mentes e nos fizerem chorar. E, no entanto, somente a Bíblia é nossa regra infalível de fé e prática religiosa.
Muitas pessoas pensam que uma experiência deve ter vindo de Deus uma vez que envolve a Sua Palavra, a Bíblia. Não necessariamente.
Tudo o que podemos dizer é que uma experiência deve ser autêntica se a Bíblia nos disser que devemos ter aquela experiência. Uma experiência não é correta somente por envolver a Bíblia.
Como saber se satanás não está pondo esses versículos bíblicos em nossas mentes? Satanás usou a Bíblia para tentar enganar o próprio Senhor Jesus (Mat. 4:6).
Se Deus permitiu que satanás tentasse a Jesus através de versículos bíblicos, por que satanás não poderia colocar versículos em nossas mentes para nos enganar? Por que ele não usaria até versículos positivos e encorajadores para nos iludir?
O diabo gosta de produzir esperanças e alegrias falsas nos que não são salvos. Quer persuadi-los que são cristãos antes que verdadeiramente se arrependam. Por que não deveria abusar de versículos bíblicos encorajadores para produzir falsa segurança? Ora, falsos mestres pervertem as Escrituras desse modo e enganam as pessoas; professores falsos são servos de satanás. Satanás pode fazer o que os servos também podem.
Se nossas emoções parecem conter amor, isto não prova que sejam ou não espirituais
O amor é a essência da verdadeira religião. Assim, se as pessoas que reivindicam ser cristãs parecem ser amorosas, muitas vezes esse fato é tomado como prova de ser genuíno o cristianismo delas. O argumento é que o amor deve vir de Deus, pois satanás não pode amar. — Infelizmente, até o amor pode ser imitado.
De fato, quanto melhor for alguma coisa, mais imitações terá.
Ninguém produz pedra e pedregulho de imitação. No entanto, existem imitações em excesso de diamantes e rubis. É a mesma coisa com as virtudes cristãs. A engenhosidade de satanás e a falsidade dos corações dos homens tentam imitar o amor e a humildade cristãos mais do que qualquer outra coisa, pois essas qualidades revelam a beleza do caráter cristão de forma especial.
As Escrituras ensinam que as pessoas podem parecer ter amor cristão sem serem salvas. Jesus fala daqueles que se proclamam ser cristãos, mas cujo amor não durará até o fim. "E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo" (Mat. 24:12-13). Isto mostra que se tivermos um amor que não dure até o fim, amor que se torna frio, não seremos salvos.
Podemos, então, sentir um amor por Deus e por Cristo, sem uma experiência verdadeira e duradoura da salvação. Esse era o caso de muitos judeus nos dias de Jesus, que davam glórias a Jesus seguindo-O dia e noite sem comida, bebida ou sono. Diziam a Jesus: "Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores" (Mat. 8:19), e "Hosana ao Filho de Davi!" (Mat. 21:9). Entretanto, seu amor mostrou-se falso, pois tornou-se frio e não durou.
O apóstolo Paulo pensava que em seus dias haviam pessoas com um falso amor por Cristo. Em Ef. 6:24, Paulo diz: "A graça seja com todos os que amam sinceramente a nosso Senhor Jesus Cristo." Paulo pediu bênção sobre aqueles que amavam a Cristo com amor sincero; obviamente achava que havia outros cujo amor por Cristo não era sincero.
O amor cristão por outros cristãos também pode ser imitado. Vemos isto na relação entre Paulo e os cristãos da Galácia. Estavam prontos a arrancar os seus olhos, dando-os a Paulo (Gal. 4:15).
Que amor singular! Mesmo assim, Paulo expressa seu medo de ter se esforçado em vão sobre eles (Gal.4:ll). Obviamente, Paulo sentiu que, afinal, o amor deles por ele poderia não ter sido verdadeiramente cristão.
Jonathan Edwards

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