A justificação é um dom de
Deus. Cristo é o único instrumento da justificação, pois é importante analisar
as Escrituras e ver a do Ministério de Jesus na prática da ação social, sendo o
primeiro a assumir responsabilidade social quanto aos pobres.
Em o Novo Testamento o termo
grego ptwco,j (ptöchos) ocorre 34
vezes, sendo que 24 vezes somente nos evangelhos. O conceito básico de
"pobre" nos evangelhos não se refere somente àqueles que eram
economicamente despossuídos, Inclui, em primeiro lugar, os mendigos, sendo que
muitos destes eram doentes e aleijados e não tinham outra alternativa senão
mendigar. Havia também as viúvas e os órfãos, que dependiam das esmolas de
sociedades piedosas e do tesouro do Templo, e devemos incluir ainda nesta lista
os operários diaristas não qualificados, os camponeses e os escravos. E os
maiores sofrimentos desta classe, além das privações, eram a vergonha e o
desprezo (Lc 16:3).
Os pobres dependiam
totalmente da caridade de outras pessoas, Albert Nolan descreve que a palavra "pobre"
abrange todos os oprimidos que dependem da misericórdia de outrem.
Jesus não ficou indiferente
à pobreza nem mesmo à situação econômica da pessoas. Nos evangelhos sinóticos
Jesus disse ao rico que queria herdar a vida eterna: "Vai vende o que tens,
dá-o aos pobres" (Mc 10:21, Lc 18:22). Mt 19:21 qualifica esta declaração
ao incluir a condição: "se queres ser perfeito". Em Mc 12:41-44 e Lc
21:1-4, Jesus disse que a oferta da viúva pobre, que parecia irrisória, era
muito maior do que a oferta dos ricos.
Jesus fala dos pobres em Mt
11:5, nas bem-aventuranças Mt 5:3 e em Lc 6:20. Nenhuma das duas passagens
emprega pobre no sentido social geral. A forma expandida de Mateus ressalta o
fundo histórico vétero-testamentário e judaico daqueles que, na aflição,
confiam somente em Deus (Cf Sl 68:28-29; 32-33; Is 61:1). Em Lucas, as
bem-aventuranças se confirmam essencialmente à pobreza, aos pobres, aos que
choram, aos famintos, aos odiados, e seguem-se os "ais" contra os
ricos.
Jesus se identifica com os
pobres nas bem-aventuranças. Os evangelhos sinóticos retratam sua vida. Seu
modo de viver não só se identificava com os pobres mas também com o conceito
vétero-testamentário da pobreza. Sua vida em si, era um ato de amor, e ao mesmo
tempo fez a escolha de se lançar sob os cuidados do Pai. Jesus pertencia a esta
classe humilde e não tentou sair dela, pelo contrário trouxe uma nova
perspectiva para todos aqueles que se sentem oprimidos. Sua compaixão o tornou
diferente de todos os outros (Mt 9:36; 14:14); e esta compaixão é o sentido da
parábola do bom samaritano (Lc 10:25-37).
Nolan faz o seguinte
comentário a respeito da compaixão que Jesus sentia:
"A palavra
"compaixão" é fraca demais para exprimir a emoção que movia Jesus: O
verbo grego spagchnizomai, usado em todos esse textos (Mt 9:36; Mc 6:34, Mt
14:14; Lc 7:13; Mt 20:34), é derivado do substantivo splagchnon, que significa
intestinos, vísceras, entranhas, ou coração, ou seja, as partes internas das
quais parecem surgir as emoções fortes. O verbo grego, portanto, significa
movimento ou impulso que brota das próprias entranhas da pessoa, uma reação das
tripas."
Jesus mostrou um sentimento
humano, e este sentimento causou grande impacto sobre as pessoas que eram
oprimidas, e a Igreja primitiva vai assumir também este sentimento e vai
desenvolver uma evangelização através da ação social.
A igreja primitiva narrada
em Atos mostra-nos que os primeiros cristãos compreenderam o significado de
serem embaixadores de Cristo, comprometeram-se com a evangelização, proclamaram
(kerigma) as boas novas (evangélion) e supririam as necessidades dos irmãos
(diakonia). E com esta estratégia alcançaram o mundo conhecido do primeiro
século sendo chamados cristãos. (At 11:26), pois ganharam a admiração do povo
(At 5:13).
De um modo geral, as igrejas
tinham muita compaixão pelas necessidades dos pobres de suas comunidades e de
outras também. Na ocasião que Jerusalém sofre perseguição e passa por grande
crise social os crentes de Antioquia enviaram para eles suprimentos (At 11:28-29). Calvino fala que essa gratidão não merecia
pequeno louvor, pois os crentes de Antioquia pensavam que deveriam ajudar a
irmãos necessitados, de quem haviam recebido o Evangelho. Porquanto nada existe
de mais acertado do que aqueles que têm semeado as realidades espirituais,
devem colher também coisas terrenas. Visto que qualquer pessoa se inclina para
suas próprias necessidades, todos aqueles homens poderiam ter objetado, porém,
não o fizeram, mas se preocuparam e os ajudaram.
A igreja Primitiva aprendeu o ensino de Jesus pelo
qual todos são chamados a servir ao próximo. E é neste sentido que eles
imitaram a Cristo, pois serviram com liberalidade. O apóstolo Paulo dá um passo
decisivo para o avanço missionário mostrando sua concepção social na evangelização.
Sua teoria e prática reflete, em primeiro lugar por nações que estão distantes,
e necessitam serem alcançadas, e em segundo lugar pelo tratamento que dá aos
pobres. Todos seus programas vão derivar destes dois aspectos.
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