A Guerra
Espiritual do Cristão
Quando se trata de aprender melhor como
combater a Satanás, o crente precisa fugir com muito cuidado de dois extremos.
O primeiro é a tendência de ignorar este inimigo, e tratar todo o assunto de
demonologia com indiferença.
Uma
das estratégias mais astutas de Satanás é nos deixar ignorantes do seu poder e
modo de agir. Uma vez ouvi um pastor afirmar que se ele se envolvesse
tão-somente com o evangelho, se procurasse alcançar almas, e se colocasse toda
sua atenção na pessoa do Senhor Jesus Cristo, não teria de se preocupar muito
com Satanás.
Tal
opinião parece muito piedosa e espiritual, mas na verdade é contrária às
Escrituras e é muito perigosa. Qualquer cristão que decide se ocupar com o
evangelho, com ganhar almas perdidas, e com conhecer mais a Jesus, se torna um
alvo especial de Satanás.
Ignorar
as armas que o Senhor providenciou para a guerra contra Satanás e seu reino é
suicídio espiritual. Dentro de pouco tempo encontraremos desastre espiritual se
ignorarmos este inimigo.
O
outro extremo a ser evitado é uma preocupação exagerada com Satanás e seu
reino. A outra estratégia de Satanás é nos tornar mais conscientes do reino
dele do que do Pai celestial, do Senhor Jesus, e do bendito Espírito Santo.
A grande ênfase da Palavra de Deus é sobre a
vitória consumada que podemos apropriar através do nosso Senhor Jesus Cristo.
Mesmo reconhecendo o temível poder e astúcia de Satanás, todo o teor das
Escrituras afirma que ele é um inimigo derrotado.
Um
problema comum para quem está sofrendo ataques de Satanás é ficar mais
preocupado com pensamentos sobre como ele faz para tentá-lo, afligi-lo, ou
oprimi-lo do que em meditar sobre a vitória que Cristo ganhou. Estar consciente
deste perigo é um grande passo para evitar a preocupação exagerada com Satanás.
Satanás
é um ser espiritual, tão real e vivo quanto eu e você. Controla um vasto reino
altamente estruturado de seres espirituais que têm o mesmo intento e propósito
maléfico que ele tem – ou seja, de se opor à vontade e aos planos de Deus. Este
vasto reino de trevas tem a humanidade como foco principal da sua estratégia.
Começando
com o ataque sutil de Satanás contra Adão e Eva, e por toda a Bíblia, aqueles
que tinham comunhão e união vital com Deus eram justamente as pessoas que
enfrentavam este inimigo na sua estratégia mais traiçoeira.
O
apóstolo Paulo parece ter experimentado na sua vida uma consciência
progressivamente mais ampla a respeito das suas próprias batalhas espirituais
com o diabo.
Suas
epístolas contêm numerosas referências a estas grandes batalhas, mas a epístola
aos Efésios é o manual do cristão sobre guerra espiritual contra o diabo e o
seu reino. Tanto a grandiosidade do conflito, como a certeza da nossa vitória,
estão claramente expostas para nós em Efésios 6.10-18.
Considere comigo alguns princípios importantes
para uma guerra eficaz contra Satanás que podemos rebuscar neste texto
clássico.
Forte Para a Batalha
Primeiro,
é a vontade de Deus que todos os crentes sejam “fortalecidos no Senhor e na
força do seu poder” (Ef 6.10). Não há razão para que o crente seja
derrotado e destruído pelo poder de Satanás.
Devemos
permanecer como inimigos fortes e decididos de todos os propósitos de Satanás.
Sua mais sofisticada estratégia e seu poder mais concentrado não precisam
representar nenhuma ameaça para qualquer cristão.
Força
no Senhor, e todo o poder de que podemos precisar, temos à nossa disposição.
Que fato importante é este!
A
guerra contra Satanás sempre precisa ser vista nesta perspectiva.
Enquanto
estivermos usufruindo dos recursos que nos foram oferecidos, quando a fumaça
desaparecer do campo de batalha, ainda estaremos de pé, o inimigo baterá em
retirada, e no fim será esmagado sob nossos pés (Rm 16.20).
O
segundo princípio importante na guerra contra Satanás é ter um entendimento
bíblico do quê estamos combatendo.
Paulo
nos diz em Efésios 6.10 que devemos colocar toda a armadura de Deus para
podermos permanecer diante das ciladas do diabo. Aquela palavra ciladas
transmite a idéia de um inimigo astuto, traiçoeiro e ardiloso.
Ele é
extremamente sutil e esperto nos seus métodos de agir contra nós. Podemos ver
isto vez após vez na prática. Com os cristãos, ele tem o maior prazer em
trabalhar simultaneamente nos dois extremos contra a posição de equilíbrio.
Por
exemplo, Satanás faz igualmente bem o papel de tentador e de acusador. Como
tentador, deleita-se em injetar nas nossas mentes pensamentos e desejos
perversos. Depois como acusador, adora se escarnecer de nós, mostrando que tipo
de pessoa desprezível somos por termos abrigado pensamentos tão maldosos e
pecaminosos.
Devemos
estar preparados para Satanás usar as estratégias mais traiçoeiras, covardes, e
sutis contra nós, o que só poderemos discernir claramente quando o Senhor
ilumina sua Palavra e nos concede sua sabedoria.
Este
entendimento do nosso inimigo também inclui uma consciência das potestades das
trevas que agem junto com ele no seu reino das trevas.
Efésios
6.12 nos mostra um dos quadros mais claros de todas as Escrituras a respeito
deste reino. Nossa guerra não é uma batalha contra inimigos de carne e sangue.
Quanto mais fácil seria, se fosse assim! Se você pudesse pelo menos ver seus
inimigos, e saber quando estão próximos, assim como vê outros seres humanos!
Mas o reino de Satanás é um reino de seres espirituais que não podem ser vistos
ou tocados.
Escritores de livros de suspense
já usaram muitas vezes a idéia de uma pessoa invisível, mostrando as enormes
vantagens que esta teria sobre os mortais comuns.
Os seres demoníacos são
espíritos, invisíveis, imateriais, mas não menos reais. Lutamos e haveremos de
lutar muito, contra estes seres. Envolve combate, pessoa a pessoa, corpo a
corpo.
Quando estudava no colegial,
participei da equipe de luta livre por um tempo. Luta livre é um dos esportes
mais cansativos, e que exige mais fisicamente, entre todos os jogos
competitivos. Exercer perícia e força muscular contra o rival neste esporte é
um desafio extremamente difícil.
É este tipo de batalha que
enfrentamos com estes seres espirituais invisíveis. É uma situação de conflito
íntimo, exigente, e esgotante.
Estes seres espirituais também
são muito estruturados, organizados e disciplinados. Percebemos este fato pela
maneira em que os inimigos que estão sob o controle de Satanás são mencionados
em Efésios 6.12.
Vemos um quadro muito semelhante
ao que existe numa organização militar. É como num país, onde o Presidente é o
comandante supremo de todas as forças armadas, e abaixo dele há os generais,
almirantes, outros oficiais, e finalmente o humilde soldado raso.
Em Efésios 6, temos uma
hierarquia semelhante. Satanás é o comandante supremo das forças das trevas. É
o estrategista superior, e abaixo dele há todo um sistema organizado e
disciplinado para executar os seus desejos.
O primeiro nível abaixo de
Satanás é um grupo de comandantes chamados principados ou príncipes.
Estes seres poderosos têm enorme responsabilidade e poder para conduzir os
interesses de Satanás.
Creio que há diferentes níveis de
autoridade entre estes príncipes. Temos uma pequena idéia da sua maneira de
agir, e do seu poder, no relato registrado em Daniel 10, onde o mensageiro
angélico enviado por Deus para falar com Daniel encontrou resistência da parte
do príncipe da Pérsia.
Quando finalmente chegou, depois
de três semanas, o anjo explicou a Daniel que demorou por causa da luta com o
príncipe da Pérsia. Só depois que Miguel, o arcanjo, veio para vencer este
príncipe, foi que o anjo pôde completar sua jornada e chegar a Daniel.
Isto não sugere que Satanás tem
um príncipe sobre cada nação, responsável por executar seus planos diabólicos
contra aquela nação? Abaixo dele há outros príncipes que conduzem os planos de
Satanás contra a estrutura política, ou contra a estrutura educacional, ou
contra a estrutura de entretenimento daquele país.
O próximo nível abaixo nesta
estrutura organizada do mal são as potestades. Estas são provavelmente
mais numerosas e um pouco menos independentes e poderosas que os príncipes.
Entretanto, o próprio nome sugere uma atividade muito forte que são capazes de
exercer contra os cristãos.
Depois das potestades vêm os dominadores
deste mundo tenebroso. Estes seres são bem mais numerosos; porém são os
verdadeiros executores no nível de comando. No exército, seriam semelhantes aos
tenentes e sargentos.
Estes dominadores das trevas têm
diretamente sob seu comando um vasto exército de seres espirituais no último
nível, chamados de forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
Entendo que estes são os demônios mencionados tantas vezes durante o ministério
do Senhor na terra. Existem multidões numerosas destes seres, tantos que uma
legião habitava num só homem, de acordo com Marcos 5.9.
Estas
são as forças espirituais do mal contra as quais devemos batalhar. De fato, a
Palavra apresenta um quadro temível deste sistema invisível, astuto, e
altamente organizado, contra o qual estamos posicionados. Não temos a escolha
de permanecermos neutros ou indiferentes; o inimigo pressiona e traz a batalha
até nós, e é o propósito e desejo soberano de Deus que entremos para combater
um bom combate.
A Armadura Providenciada
Por Deus
O
terceiro princípio geral do nosso combate contra Satanás encontrado em Efésios
6.10-18 é a importância da armadura providenciada por Deus. Como cristãos,
devemos agir agressivamente no sentido de tomar a armadura e colocá-la sobre
nós.
Cada
vez que enfrentamos o inimigo, e entramos em batalha contra ele, devemos
verificar se estamos com a armadura no seu lugar. Diariamente, precisamos tomar
posse da armadura que Deus nos deu, e nos vestir adequadamente para a batalha.
É uma batalha íntima, dura, corpo a corpo,
e constante, e enfrentá-la sem armadura é impensável.
À medida que você se equipa com
toda a armadura de Deus, começará a meditar sobre esta armadura, e a usá-la
muitas vezes durante o dia.
Meditar sobre cada peça da
armadura que Deus nos providenciou estimulará muito a sua vida de louvor e
adoração. É a armadura completa de Deus. É a provisão completa e total
que ele nos deu, suficiente para nos equipar a enfrentar o pior que Satanás
poderá nos preparar.
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