terça-feira, 19 de junho de 2018

TRABALHANDO SÓ COM OS IGUAIS



TRABALHANDO SÓ COM OS IGUAIS

“Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso?" Pois também os pecadores amam aos que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? (Lucas 6:32-35)

Certa vez um pastor foi convidado a falar à liderança de uma igreja e resolveu iniciar pedindo para que cada pessoa envolvida na igreja se apresentasse.

Ficou impressionado quando espontaneamente as apresentações seguiram o seguinte padrão: - “meu nome é fulano de tal e eu sou irmão (ou pai, primo, cunhado, amigo de infância, melhor amigo, genro ou irmão/irmã) do fulano de tal, do diácono, do obreiro, do evangelista, do presbítero.”

Ele se sentiu em uma grande reunião de família, o que em um primeiro momento foi muito bom pois o clima de amizade era altíssimo e a intimidade entre os membros da liderança alcança níveis impressionantes.

Em um segundo momento percebeu que ali estava descrito um grave problema de liderança: aquele grupo só sabia trabalhar com ‘iguais.’

O comprometimento não era com a Igreja em um primeiro momento mas sim com os parentes e amigos.

Ao término da reunião conversou longamente com o pastor para descobrir como que eles haviam chegado àquela situação de liderança tão homogênea.

A resposta foi engraçadíssima: o pastor também era parente da grande maioria dos líderes.

Há muitas pessoas que só sabem trabalhar com os iguais, sejam eles parentes, amigos de infância ou pessoas de pensamento muito parecido.

Seu poder de submissão e cooperação se limita aos que de alguma forma tem vínculo ou reforço familiar.

Quando montam uma equipe de trabalha logo chamam os amigos ou familiares, na esperança de que estes não lhes façam oposição e, em uma situação de crise, aquela velha arma emocional seja utilizada sem pena: ‘mas nós temos o mesmo sangue...’ ou ‘somos amigos há tantos anos...’

Não é difícil montar uma equipe de iguais dentro da Igreja.

Com o tempo vamos criando um grupo de amigos mais íntimos, nossos filhos casam-se com membros da Igreja, alguns familiares nossos se convertem e aí nosso círculo de iguais vai crescendo.

Vamos solidificando nossa liderança nesse grupo e aí, dependendo de modo como a liderança é eleita na Igreja já temos alguns votos favoráveis ao nosso nome e voluntários dispostos a trabalhar para um amigo ou parente.

Trabalhar com iguais pode até ter seus pontos positivos mas na verdade esconde muitos problemas que à longo prazo se manifestarão e serão mais prejudiciais do que benéficos ao Corpo de Cristo.

O primeiro desses problemas é o isolamento. Grupos de iguais costumam se fechar em si mesmos e destruir qualquer possibilidade de integração com os diferentes.

É a famosa panelinha na IGREJA

Esses grupos se fortalecem emocionalmente dentro de uma cultura de isolamento e não é incomum ouvirmos de seus componentes frases do tipo ‘somos os melhores’ ou ‘tenho dedicação exclusiva a...’

Esse isolamento não é premeditado.

Em geral ele acontece sem o grupo perceber mas vai se solidificando a ponto de fazer daquele departamento, ministério ou diretoria uma verdadeira ilha que sobrevive sem o auxílio de qualquer pessoa de fora.

Outro ponto negativo do trabalho exclusivo com os iguais é a confusão no que se refere à motivação para servir.

Jesus perguntou seriamente a seus discípulos sobre isso utilizando a frase “que mérito há nisso?”

Podemos ler nas entrelinhas do texto algo
importantíssimo que todo líder deve considerar: se nossa motivação é a amizade ou os vínculos familiares então estamos no caminho errado.

Na Igreja nossa motivação é outra.

Podemos até trabalhar com os iguais mas também estaremos abertos a receber e trabalhar com os diferentes porque nossa motivação é Cristo!

Destaco ainda um terceiro ponto negativo do trabalho só com os iguais.

Com o tempo acabamos utilizando algumas armas nada cristãs como boicotes, trabalho ‘pela metade’ e outras manifestações de má vontade para com qualquer ‘diferente.’

Nos condicionamos tanto a trabalhar com os iguais que qualquer líder novo, qualquer voluntário que deseja servir naquela área ou mesmo um outro líder de ministério acaba recebendo de nós uma cooperação parcial.

Aos amigos só sorrisos; aos demais um olhar frio e indiferente

– Já dizia o poeta.

Jesus disse que aos diferentes não podemos oferecer desânimo.

Isso significa que não vale boicotar o diferente e nem trabalhar sem entusiasmo. Pelo contrário!

Temos que servir sempre com ânimo, alegria disposição e compromisso.

A nós cabe servir não por amizade ou vínculo familiar mas sim por amor a Jesus Cristo.

Aprenda a formar equipes heterogêneas. Inclua pessoas novas, talentos disponíveis e até mesmo críticos capazes.

O que os manterá unidos será a missão comum e o Senhor da Igreja.

Ter alguns iguais na equipe é até comum. Mas trabalhar apenas com iguais no final das contas será prejudicial a todos.

“Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso?" Pois também os pecadores amam aos que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e maus” (Lucas 6:32-35)

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