Você
Não é Obrigado a Morrer no Deserto
Há pouco
tempo atrás, comecei a elaborar o esboço de um livro sobre o sofrimento dos
santos de Deus. Eu quis encorajar os cristãos em relação à fidelidade que o
Senhor tem mostrado ao Seu povo no meio das provações. Desde então, muitos
leitores têm me escrito, testemunhando sobre como Deus tem lhes dado graça em
momentos de sofrimento. Uma senhora escreveu sobre uma longa provação física:
“Doze anos
atrás, eu e meu marido nos aposentamos, e Deus nos impulsionou às nações como
mssionários evangelistas. Durante aquele tempo, viajamos por mais de trinta
países. Muitas vezes ministramos sob circunstâncias terríveis, mas o Senhor
sempre nos conservou com boa saúde e nos agraciou com resistência
sobrenatural."
“Então, março
passado, fui atacada por uma doença desconhecida particularmente séria. Nós
tínhamos visto essa calamidade tocar multidões de pessoas a quem ministramos em
regiões remotas. A doença causa dor e inchaço nas mãos. Diversos especialistas,
contudo, não puderam identificar a causa exata do doloroso inchaço nas minhas
juntas; eles simplesmente coçavam a cabeça confusos."
“Eu clamei a
Deus, mas o céu parecia estar em
silêncio. O tempo todo, nunca senti Sua presença perto de
mim. Passei nove meses solitários num deserto de dor e incerteza. Em dezembro
de 1999 a
dor tinha me cobrado seu preço, física e mentalmente. Eu estava exausta e quase
não conseguia dormir. E estava perdendo terreno espiritualmente. Aqueles foram
alguns dos dias mais negros da minha vida. Eu não sabia se conseguiria ver o
novo século”.
“Então uma
manhã, despertei com a luz do sol invadindo meu quarto. Percebi que tinha
dormido a noite toda pela primeira vez. Meu primeiro pensamento foi, ‘Eu não
sinto dor alguma’. Eu tive medo de contar ao meu marido. Continuei esperando
que a dor voltasse, mas ela não voltou”.
“Percebi que
enquanto eu dormia, Deus estava trabalhando. E senti que Ele tinha dito ao
diabo, ‘Chega, é suficiente.’ Agora um ano se passou, e continuo livre de toda
a dor. Os registros do meu médico têm essas palavras escritas: ‘milagre
misterioso.’ Eu tenho mais força do que já tive algum dia. Eu saí do meu
deserto repousando nos braços do meu amado Jesus, e confiando em Sua palavra”.
É inspirador
para a nossa fé ler testemunhos como esse, nos quais crentes emergem de seus
sofrimentos no deserto, regozijando-se na fidelidade de Deus. Eles falam de
dores terríveis, provas, calamidades, tragédias, provações que parecem nunca
ter fim. Primeiro suas esperanças são elevadas, daí então eles são frustrados;
experimentam rompantes súbitos de força sobrenatural, mas depois são subjugados
por um medo terrível. E perguntas importurnas inundam suas mentes: “Por que
esta desgraça veio para mim? Será que Deus está me julgando por algum pecado do
passado? Por que minhas orações não estão sendo respondidas? Eu tenho jejuado e
orado, mas não ouço nada. Por que?”.
Eles podem ter
oscilado durante a provação, e quase desfaleceram. Mas em meio a tudo isso,
eles guardaram a fé. Como? Foi porque permitiram que os sofrimentos os
direcionassem para seus joelhos. Como resultado, sua confiança no Senhor
somente aumentou. Eles saíram do deserto testemunhando a bondade e o poder de
libertação de Deus.
Quero lhe
dizer o seguinte: eu nunca ouvi falar de tamanho sofrimento no meio do povo de
Deus. Minha esposa Gwen e eu, ficamos atônitos com as cartas que temos lido.
Nós sempre dizemos um ao outro, “Você alguma vez já ouviu falar de algo assim?
O sofrimento dessa pessoa é inimaginável”.
As pessoas
descrevem serem acometidas por doenças terríveis e mortais. Famílias estão se
desintegrando, com maridos e esposas se divorciando, filhos rebelando-se e
voltando-se para as drogas. Outros escrevem estarem num deserto mental ou
espiritual. Enfrentam depressão, medo, ansiedades de todos os tipos. Alguns
carregam o peso de dificuldades financeiras e dívidas acumuladas. E agora o
estresse os levou a um deserto de desespero.
Um homem que
perdeu um ente querido numa tragédia escreve, “Eu tremo cada vez que o telefone
toca. Eu penso, ‘Serão mais notícias ruins?’ É preciso apenas um telefonema”.
Uma piedosa
mulher conta sobre a vez que recebeu esse tipo de ligação. Ela diz:
”Somos uma família fiel e crente na Bíblia, e participamos dos cultos
regularmente. Na época de nossa provação, nosso três lindos garotos tinham 7
anos, 3 anos e 14 meses. Meu terrível telefonema veio em 26 de Agosto de 1996.
Meu marido tinha caído de uma altura de mais de onze metros, de um telhado que
estava consertando".
“Ele precisou
fazer uma cirurgia de reparação de um fêmur e um cotovelo quebrados. A última
coisa que ele disse para mim antes da operação foi, ‘Diga às crianças que as
amo, e verei todos vocês de manhã’. Mas durante a cirurgia, os médicos
enfrentaram complicações. De manhã meu marido estava em coma”.
“Minha fé me
dizia que ele estava descansando, e logo estaria de volta conosco. Mas treze
dias depois - depois de muitos procedimentos, de transferência para o melhor
hospital, e uma corrente de oração por todo o Estado - o Senhor levou meu
marido”.
“Tudo parecia
ir tão bem para nós. Então de repente, nosso mundo desabou. Jesus nunca disse
que os cristãos não teriam que enfrentar tribulação, não é? Agora, criando
sozinha três filhos eu pude comprovar isso”.
“Apesar disso,
através do ocorrido, os meus filhos adquiriram um desejo incomparável pelo céu.
Agora não somente eles possuem um Deus Pai os esperando no céu, mas também têm
seu pai terreno os aguardando lá, e isto tem transformado suas vidas. Louvamos
a Deus agora, após Ele ter levado seu papai salvo para o céu. É o objetivo para
todos nós algum dia”.
Essa mulher
saiu do seu deserto também apoiando-se nos braços de Jesus. Contudo muitos
cristãos parecem nunca encontrar o conforto, a consolação e a força de Deus.
Deixe-me lhe perguntar: como você tem enfrentado suas provações no deserto?
Talvez você esteja passando por uma agora mesmo.
Talvez seu
deserto seja o Vale da Morte. Você ouviu as palavras do médico: "É câncer.
Maligno". Ou, talvez alguém da família tenha recebido diagnóstico de uma
enfermidade incurável; você compartilha da dor de inúmeras outras pessoas que
suportam horas e horas de espera numa sala de hospital, chorando e clamando em
silêncio por um milagre.
Talvez o seu
deserto seja uma depressão profunda. Todo dia você tem medo de acordar porque
uma nuvem negra está continuamente sobre você. Seu clamor constante é, “Senhor,
me ajude. Eu não posso mais suportar isso”. Quando vai à igreja, você faz
o melhor possível para mostrar um sorriso. Mas por dentro, você está
atravessando o inferno. Você jejuou, orou, buscou a Deus por dias, semanas,
meses. Mas Deus não parece estar respondendo sua oração.
Às vezes,
todos nós acabamos num deserto. Eu poderia escrever um livro sobre as muitas
provações de deserto que suportei em minha vida. Apesar disso, muitos cristãos
recusam-se a aceitar que o deserto inevitavelmente chega para todos nós. Eles
acham que esse tipo de conversa indica falta de fé. Conheço um pastor que disse
à sua congregação, “Minha fé me imunizou dos males. Eu amarrei toda a dor e
desgraça em nome de Jesus. Eu simplesmente recuso tudo isso”.
Eu não desejo
mal a ninguém, mas sem dúvida este homem está dirigindo-se para um deserto. A
convicção dele simplesmente não se alinha com as Escrituras. Davi escreve,
"Salva-me, ó Deus, pois as águas me sobem até o pescoço. Atolei-me em
profundo lamaçal, onde não se pode firmar o pé; entrei na profundeza das águas,
onde a corrente me submerge. Estou cansado de clamar; secou-se-me a garganta;
os meus olhos desfalecem de esperar por meu Deus" (Salmos 69:1-3) .
A Bíblia é
clara sobre isso. Mesmo o mais piedoso dentre nós passa por profundas provações
no deserto. A pergunta é: de que modo sairemos dessas experiências? Nós podemos
ter certeza que nossa experiência no deserto irá provocar mudanças em nós. Afinal de contas,
é somente no deserto que nossa fé é colocada à prova. Então, a provação que
você está vivendo hoje está lhe mudando para melhor ou para pior?
Você
Testifica Ter Fé, Mas Como a Obteve?
Sobre qual
alicerce sua fé está edificada? As Escrituras nos dizem que a fé vem pelo
ouvir, e que a Palavra de Deus nos dá "ouvidos espirituais",
capacitando-nos a ouvir (veja Romanos 10:17). Bem, aqui está o que a Bíblia diz
sobre as experiências de deserto na nossa vida:
“Não me
submerja a corrente das águas e não me trague o abismo...Ouve-me, Senhor,
pois grande é a tua benignidade...Não escondas o teu rosto do teu servo;
ouve-me depressa, pois estou angustiado" (Salmos 69:15-17). Claramente,
águas de aflição inundam a vida dos santos.
“Pois tu, ó
Deus, nos tens provado; tens nos refinado como se refina a prata. Fizeste-nos
entrar no laço; pesada carga puseste sobre os nossos lombos...passamos pelo
fogo e pela água”(66:10-12). Quem nos faz entrar num laço de aflições? Deus
mesmo o faz.“Antes de ser afligido, eu me extraviava; mas agora guardo a tua
palavra... Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos”
(119:67, 71). Este verso explica claramente. É bom para nós -
inclusive nos abençoa - sermos afligidos.
Considere o
testemunho do salmista: “Amo ao Senhor, porque ele ouve a minha voz e a minha
súplica... Os laços da morte me cercaram; as angústias do Seol se apoderaram de
mim; sofri tribulação e tristeza. Então invoquei o nome do Senhor, dizendo: Ó
Senhor, eu te rogo, livra-me” (Salmos 116: 1-4). Aqui está um servo fiel que
amou Deus e tinha grande fé. Ainda assim enfrentou as tristezas da dor,
das dificuldades e da morte.
Nós
encontramos este tema ao longo de toda a Bíblia. A Palavra de Deus declara
ruidosamente que o caminho da fé é através das inundações e do fogo: “Pelo mar
foi teu caminho, e tuas veredas pelas grandes águas” (Salmos 77:19). “Eis que
faço uma coisa nova; agora está saindo à luz... eis que porei um caminho no
deserto” (Isaías 43:19). “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando
pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te
queimarás, nem a chama arderá em ti” (Isaías 43:2). “Porque eu, o Senhor teu Deus,
te seguro pela tua mão direita, e te digo: Não temas; eu te ajudarei” (Isaías
41:13).
Este último
verso guarda um ponto importante: em toda experiência de deserto que
enfrentamos, nosso Pai está segurando nossa mão. Porém somente aqueles que
passam através do deserto têm essa mão de conforto. Ele a estende para aqueles
que são pegos nos turbulentos rios das dificuldades.
Uma leitora da
nossa lista de correspondência escreveu um livro poderoso sobre sofrimento. O
seu nome é Esther Hunter, e o título do livro é "Joy in the
Mourning" (aproximadamente Alegria no Luto). Esther nos escreveu
recentemente sobre uma provação terrível que enfrentou. Ela e seu marido
viajaram de sua casa em Arkansas até Manitoba, no Canadá, para o enterro do pai
de Esther, um pastor de noventa anos de idade. Todos os doze filhos daquele
piedoso homem vieram homenageá-lo em seu falecimento.
Os irmãos de
Esther e seus familiares se apertaram em cinco carros no retorno do funeral
para casa. Mas no caminho, uma violenta tempestade causou um acidente na
estrada. Em meio à tempestade, o carro que ia à frente separou-se dos outros.
Esther e seu
marido estavam no segundo carro. Logo à frente, viram que um terrível acidente
tinha acontecido, com dois carros esmagados horrivelmente. Esther é enfermeira,
e assim seu marido parou o carro para oferecer ajuda. Ao se aproximarem da
cena, eles perceberam horrorizados que um dos carros era aquele que estava à
frente do seu cortejo. Um carro que vinha do sentido oposto tinha tentado
ultrapassar um caminhão no temporal, e bateu de frente com eles.
Esther olhou
para o carro destruído e viu sua irmã, seu sobrinho de quatro anos de idade e
dois dos seus irmãos caídos dentro do carro. Ela tirou o sobrinho, que foi
levado às pressas para um hospital. Esther tirou então sua irmã que logo morreu
em seus braços. Os seus irmãos já estavam mortos, tendo morrido no impacto.
O pequeno
sobrinho de Esther sobreviveu ao horrível acidente. Mas ninguém na família
jamais poderia esquecer a cena indescritível naquela estrada fria e deserta.
Durante todo o ocorrido, o seu pai jazia num caixão na agência funerária. E sua
mãe, que sofria do Mal de Alzheimer, nunca soube qualquer coisa sobre a
tragédia.
Durante dois
anos, Esther vagou por um deserto de aflição e confusão. Ela continuamente se
derramava em lágrimas.
Ela carregava perguntas, culpa e um fardo terrível de
perguntas do tipo "e se?". Ela passava horas de joelhos orando e
buscando a Palavra de Deus. Ela se desesperava para achar um mínimo de
consolação e cura da terrível tragédia.
Um dia,
enquanto Esther caminhava ao longo de um rio, ela apanhou uma pedra. Riscou
nela as palavras, "Eu não posso carregar este peso". E se
conscientizou: "Não posso mais me culpar". Então lançou a pedra
na água. Naquele momento, Deus removeu o seu fardo.
Esther saiu do
seu terrível deserto apoiando-se nos braços de Jesus. E ela deu um testemunho
poderoso: "Meu Pai faz tudo bem. Com meu Pai amado, não há
acidentes". Ela tinha verdadeiramente achado alegria em seu luto.
Alguns Cristãos
Querem Arrancar o Livro de Jó da Bíblia
Alguns crentes
não podem lidar com o fato de que Jó era um homem íntegro, santo, amado de Deus
que sofreu calamidades terríveis. Eu digo a esses cristãos: é impossível para
nós conhecermos a verdadeira fé a menos que possamos olhar diretamente para as
dificuldades de Jó e dizer, "Deus permitiu todas essas coisas acontecer a
Jó para um propósito”.
Sim, Deus
permitiu que os filhos de Jó fossem tomados. Ele permitiu a perda da saúde de
Jó, de suas propriedades, sua reputação. Jó foi desonrado nas mãos de supostos
amigos. Até mesmo sua própria esposa o escarneceu. E seu corpo suportou feridas
horríveis e dolorosas.
Este homem
viveu com dor insuportável e tristeza de coração. Olhe para ele entre as ruínas
da sua vida: sentindo-se abandonado, esmagado pela aflição, os céus parecendo
repelir suas orações. Jó passou noites sombrias sem dormir, e dias terríveis,
dolorosos. A dor era tão grande que pediu a Deus que tomasse sua vida. Ainda
assim, durante todo o ocorrido, Deus ainda o amava. De fato, Jó nunca foi tão
precioso na visão de Deus, do que no meio da sua tribulação.
Foi no pior
momento de Jó que Deus lhe deu uma revelação de Si próprio, que mudou sua vida.
Ele pessoalmente conduziu Jó para fora do deserto. E Jó emergiu com uma fé
indomável, testemunhando, "Ainda que ele me mate, contudo nele esperarei”
(Jó 13:15).
Já ao
contrário, alguns crentes saem de seus desertos amargurados e com raiva. As
provações desses crentes os tornam céticos, endurecidos e inconsoláveis
desprezando Deus. "Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o meu Senhor se
esqueceu de mim" (Isaías 49:14).
Eu tenho visto
cristãos em sofrimento se voltando completamente contra o Senhor que um dia
eles amaram. Eles acusam Deus de abandoná-los no momento da dificuldade. Assim,
em troca, eles abandonam toda a oração; colocam suas Bíblias de lado. E já não
vão mais à igreja. Ao invés disso, carregam raiva e ressentimento terríveis
contra Deus.
Eu conheço um
pastor cuja fé foi sacudida por uma morte em sua família. Este homem achava que
sua fé o protegeria contra todos os infortúnios. Então, quando tragédia o
golpeou, ele ficou arrasado. E se voltou completamente contra o Senhor. Os
amigos dele ficaram chocados com sua dureza. Ele lhes disse: "Não
quero nunca mais ouvir o nome de Jesus mencionado novamente".
Tragicamente,
alguns crentes morrem em seus desertos. Isto é o que aconteceu com Israel. Com
exceção dos fiéis Josué e Calebe, uma geração inteira de israelitas - um povo
milagrosamente liberto do Egito - desperdiçou a vida no terrível e uivante
deserto. Eles morreram cheios de dúvidas, aflição, agonia e dor. Por que?
Porque recusaram-se a confiar no juramento de que Deus os guardaria em momentos
de dificuldade.
O Senhor havia
prometido a eles: “Não vos atemorizeis, e não tenhais medo... O Senhor vosso
Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós... o Senhor vosso Deus vos
levou, como um homem leva seu filho... (Ele) ia adiante de vós no caminho...
para vos achar o lugar... para vos mostrar o caminho por onde havíeis de andar”
(Deuteronômio 1:29-33).
Ainda assim,
leia também o que aconteceu com aquela geração duvidosa e endurecida: “E os
dias que caminhamos... foram trinta e oito anos, até que toda aquela geração...
se consumiu do meio do arraial... Também foi contra eles a mão do Senhor, para
os destruir... até os haver consumido." (2:14-15). Deus esperou até que o
último deles morresse antes que falasse novamente a Israel: "Ora, sucedeu
que, sendo já consumidos pela morte... o Senhor me disse" (2:16-17).
Qual foi a
causa para que essa geração morresse no deserto? Foram as mesmas duas razões
pelas quais os cristãos morrem no seu próprio deserto hoje:
1. Eles
Nunca Aceitaram o Amor de Deus Por Eles.
Durante todas
as dificuldades dos israelitas, Deus tentou ocasião após ocasião conduzir Seu
grande amor a eles. Mas eles não o aceitaram. Eles simplesmente não acreditavam
que suas provações fluíam de Seu amor. Ao invés disso, as pessoas sempre
diziam, "Se Deus nos amasse, por que Ele nos traria aqui ao deserto para
nos matar? Por que Ele permitiria que sofrêssemos assim?”.
Aqui nós vemos
a raiz de toda a incredulidade: uma relutância para crer e descansar no amor de
Deus pelos Seus filhos. Ainda assim, a razão absoluta pela qual Deus escolheu Israel
para ser Seu povo foi por causa do Seu amor: "E, porquanto (Deus) amou a
teus pais, não somente escolheu a sua descendência [vocês] depois deles... O
Senhor não tomou prazer em vós nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos
do que todos os outros povos... mas, porque o Senhor vos amou” (Deuteronômio
4:37, 7:7-8). Foi dito a Israel, ”Deus não os escolheu por causa de qualquer
coisa especial quanto a vocês; Ele os escolheu simples e unicamente
porque os amou”. Considere o seguinte:
Porque Deus
não permitiu que Balaão amaldiçoasse Israel? “Contudo o Senhor teu
Deus...trocou-te a maldição em bênção; porquanto o Senhor teu Deus te amava”
(23:5).
Por que Deus
pôs Israel em cheque no mar Vermelho? Ele quis ver se eles confiariam no amor
do Pai celestial. Ele estava desejando saber, "Que tipo de Pai o Meu povo
imagina que Eu seja? Eles realmente crêem que os amo o suficiente para nunca
permitir que caiam nas mãos do inimigo? Eles descansam em minhas promessas
pétreas de que cuido deles em quaisquer circunstâncias? Será que sabem que
nunca os abandonarei, mesmo que a situação pareça sombria e desesperadora?”.
Por que Deus
conduziu Israel às amargas águas de Mara? Uma vez mais, Ele quis obter do Seu
povo alguma prova de que acreditavam no Seu amor por eles. Ele queria saber se
eles confiariam nEle para saciar a sede por causa de Seu grande amor.
Nós vemos
ainda outra provação quando Israel estava às portas da terra prometida. Doze
homens foram enviados para que espiassem a terra. Mas dez deles regressaram
trazendo "más notícias”. Eles sustentaram que Israel nunca poderia tomar
posse daquela terra, porque era repleta de gigantes, fortalezas, grandes
cidades muradas e obstáculos intransponíveis.
Como as
pessoas reagiram a este relato? Uma vez mais clamaram com medo e incredulidade:
"Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que
nós" (Números 13:31). Elas estavam dizendo, em essência, "Nossos
inimigos são mais fortes que o amor de Deus por nós". Eles acusaram o Senhor
de os abandonar no momento de necessidade, os deixando por conta das suas
próprias forças. E passaram a noite toda reclamando e clamando, "Eu
desejaria estar morto. Por que Deus nos colocou nessa situação desesperadora?”.
O apóstolo Estevão disse o seguinte sobre eles: "em seus corações voltaram
ao Egito” (Atos 7:39).
Uma vez mais,
vemos que em toda crise o Senhor garantia ao Seu povo: "Eu os tenho amado
fielmente". Contudo, em cada uma dessas vezes, eles permitiam que os
obstáculos nublassem o conhecimento de que Deus os amava.
Pense nisto:
se nós acreditamos, aceitamos e confiamos no amor do nosso Pai celestial, então
o que há para temer? Por exemplo, eu aprendi que se eu verdadeiramente
descansar no amor de Deus por mim, eu não tenho que temer ser enganado. Se eu
verdadeiramente sou dEle -- se creio que Ele me carrega em Seus braços amorosos
-- então Ele nunca deixará o diabo ou qualquer voz me enganar.
E nem tenho
que temer uma calamidade repentina, uma queda, ou o vislumbre de um futuro
incerto. Meu Pai amado não vai permitir que qualquer coisa aconteça em minha
vida, excluindo aquelas que Ele determinou previamente que fossem melhores para
mim e para meus familiares. Não importa quais sejam meus problemas, Ele vai os
desvendar e preparar o caminho para mim. O Deus de amor pode operar um milagre
após o outro a meu favor, se eu apenas confiar nEle.
Isto me
permite enfrentar tempos difíceis, provações de fogo, e até mesmo a morte. Eu
sei que em meio a tudo isso, meu Deus irá compartilhar minha dor, e minhas
lágrimas serão tão preciosas quanto ouro para Ele. Ele não permitirá que as
provações me destruam. Ele sempre será fiel para me prover livramento.
Você pode
perguntar, "Mas nós não complicamos nossas próprias vidas com nossas
decisões erradas? Não trazemos caos para nós mesmos porque saímos da vontade de
Deus? E quanto à todas as coisas tolas que fazemos e que nos enlaçam?”.
Eu lhe asseguro: se você simplesmente confiar no amor de Deus, se arrepender e
se agarrar nEle, Ele resolverá todas as suas confusões. Ele torna as nossas
cinzas em beleza.
2. Eles Foram Cegados em
Relação ao Deleite que Deus Tem por Eles
O nosso Deus
não somente ama o Seu povo, mas tem prazer em cada um de nós. Ele tem grande
alegria em nossas vidas. E Ele é na verdade bendito nos guardando e nos
livrando.
Eu vejo este
tipo de prazer paterno em minha esposa, Gwen, sempre que um de nossos netos nos
liga. Gwen se ilumina como uma árvore de Natal quando está conversando com um
dos nossos netinhos. Nada consegue tirá-la do telefone. Mesmo se eu lhe disser
que o Presidente da República está à nossa porta, ela me afastá e continuará
conversando.
Como eu
poderia acusar o meu Pai celestial de se alegrar em mim, menos do que eu o faço
com a minha própria descendência? Às vezes meus filhos me desapontam, fazendo
coisas contrárias às que os ensinei. Mas em nenhum momento os deixo de amar ou
de me agradar neles. Assim, se eu possuo este tipo de amor duradouro sendo um
pai imperfeito, quanto mais nosso Pai celestial se preocupa conosco, Seus
filhos?
É por isso que
eu considero este episódio com os espias de Israel tão desconcertante.
Repetidas vezes, Deus tinha provado Seu amor ao povo. Ainda assim, em todas as
ocasiões eles se recusaram a aceitá-lo. Finalmente, Josué e Calebe se
levantaram no meio deles e gritaram: "Se o Senhor se agradar de nós, então
nos introduzirá nesta terra e no-la dará" (Números 14:8). Que declaração
simples e ao mesmo tempo poderosa. Eles estavam dizendo, "Nosso Senhor nos
ama e tem prazer em nós. E
Ele vai derrotar cada um dos gigantes, porque Ele se delicia
em fazer isto por nós. Portanto, não devemos olhar para nossos obstáculos. Nós
temos que manter nossos olhos no grande amor que o Senhor tem por nós".
Ao longo das
Escrituras nós lemos que Deus se deleita em nós: "os que são perfeitos em
seu caminho são o seu deleite" (Provérbios 11:20). "a oração dos
retos lhe é agradável."(15:8). "meu inimigo forte... eram mais
poderosos do que eu... mas o Senhor foi o meu amparo. Trouxe-me para um lugar
espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em mim" (Salmo 18:17-19).
Neste último
versículo, nós descobrimos a grande verdade que Israel não percebeu: "Ele
me libertou, porque se agradou de mim". Não importa quão forte nosso
inimigo possa ser -- não importa quão devastadora seja nossa provação de fogo,
ou quão sem esperanças as coisas possam parecer -- nosso Deus nos libertará.
Por que? Porque Ele se agrada em nós!
Deus tinha
deixado abundantemente claro o Seu amor para com Israel. Por isso Ele
podia perguntar ao Seu povo "Por que dizes... ó Israel: O meu caminho está
escondido ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?"
(Isaías 40:27). Ele estava dizendo: "Como vocês podem dizer
que Eu não vi sua aflição? Como vocês podem acreditar que Eu não tenho prazer em
vocês? Eu me agradei do meu servo Jó durante todas as suas terríveis
experiências. E estou Me agradando de vocês agora mesmo, em meio às suas
dificuldades”.
É
absolutamente imperativo que acreditemos - rapidamente e com convicção, hoje --
que Deus nos ama e se agrada de nós. Então estaremos capacitados a aceitar que
toda circunstância em nossas vidas irá provar no final ser a amorosa vontade de
nosso Pai para conosco. Nós sairemos de nosso deserto repousando nos braços
amorosos de Jesus. E Ele produzirá alegria a partir do nosso choro.
Querido santo,
não olhe para suas contas que se acumulam. E não tente olhar para um futuro
incerto. Sua função é confiar nas promessas de aliança de nosso Pai, e repousar
no Seu grande amor por você. Você sairá vitorioso, porque Ele o está segurando
em Seus braços de amor.
David Wilkerson